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Dose única de radioterapia mostra-se eficaz no tratamento do cancro da mama

Um estudo efetuado ao longo de vinte anos confirmou os resultados positivos de uma técnica que aplica a radiação de forma localizada e logo a seguir à remoção do tumor.

Luís M. Faria

Uma nova técnica terapêutica aplicada ao cancro da mama em estado inicial, requerendo uma única dose de radioterapia e dispensando a paciente de ter de regressar diariamente ao hospital ao longo de semanas para receber doses sucessivas que podem chegar às três dezenas, tem potencial para vir a revolucionar o tratamento dessa doença.

O estudo que confirma os resultados foi publicado quinta-feira no "British Medical Journal", uma das publicações médicas mais importantes do mundo. O autor principal, Jayant Vaidya, professor de Cirurgia e Oncologia no University College London, explicou que, entre as vantagens da nova técnica, está o facto de permitir à doente regressar mais depressa à sua vida normal, por o tempo de recuperação ser menor. Também parece verificar-se uma redução da mortalidade por danos provocados a outros orgãos - associada, ao que tudo indica, ao facto de a radiação aplicada ser muito mais localizada do que na radioterapia normal, evitando efeitos laterais que esta por vezes tem.

A técnica agora em causa chama-se TARGIT-IORT (Taregeted Interoperative Radiotherapy), e foi desenvolvida em 1998. A ideia é a de, imediatamente após a remoção cirúrgica do tumor, usar uma máquina móvel de radioterapia para aplicar uma dose dentro do seio, e não a partir de fora, como normalmente se faz. Apenas os tecidos à volta do tumor são atingidos, não o seio inteiro, e o tratamento dura entre 20 a 30 minutos.

O estudo agora publicado foi realizado ao longo de 20 anos e abrangeu 2298 mulheres a partir dos 45 anos, em dez países. Parte delas receberam a radioterapia convencional, parte a TARGIT-IORT. Destas últimas, 80 por cento mostraram não requerer qualquer radioterapia pós-operatório suplementar, sem que as taxas de sobrevivência ou de retorno do cancro fossem afetadas.

"Estes resultados são o nível mais alto de evidência, provando não só a eficácia da TARGIT-IORT como confirmando que evita mortes por outras causas", diz Michael Baum, igualmente do UCL e co-autor do estudo, citado no economictimes.indiatimes.com. Outros efeitos positivos foram uma diminuição da dor e menos danos de natureza estética.

"Com TARGIT-IORT, as mulheres podem fazer a sua cirurgia e o tratamento de radiação para o cancro na mama ao mesmo tempo", diz Vaidya. Uma ressalva importante é a de que a técnica não funciona para todas as mulheres, e há que tentar apurar o melhor possível à partida quando e porquê isso acontece.

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