Especialistas reforçam a importância da prioridade dos doentes oncológicos no plano de vacinação contra a covid-19

Segundo a ESMO (European Society for Medical Oncology), “no contexto do desenvolvimento das estratégias de vacinação pelos Estados-Membros, a Sociedade Europeia de Oncologia Médica gostaria de solicitar aos Estados-Membros que considerassem o seguinte: vacinar todos os doentes oncológicos de acordo com os princípios da OMS com o objetivo de reduzir as mortes e a carga da doença. Doentes oncológicos com a doença ativa ou em tratamentos, merecem uma prioridade adicional apenas em caso de limitações”.
Em Portugal, a EVITA (Associação de Apoio a Portadores de Alteração nos Genes Relacionados com o Cancro hereditário) volta a alertar para esta chamada de atenção da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) que evidencia a prioridade que deve ser dada aos doentes oncológicos.
De recordar que os doentes oncológicos serão vacinados na segunda fase, segundo o que está descrito Plano Nacional de Vacinação Contra a Covid-19. Estima-se que esta segunda fase decorra durante o segundo trimestre de 2021.
“Para nós é importante seguir os conselhos dos especialistas que se baseiam na evidência de estudos representativos quando estamos a definir prioridades no plano de vacinação. A ESMO refere que os doentes oncológicos não só estão em risco elevado de morrer por serem contagiados pela Covid-19, e estamos a falar de 15 % dos doentes oncológicos no geral e de 30% dos doentes internados, verso 2% a 3% de risco para a população no geral, como também têm um risco acrescido de morrer por cancro", refere Tamara Milagre, presidente da EVITA, e associada da Coligação Europeia dos Doentes Oncológicos ECPC que assinou e apoiou o depoimento da ESMO.

Tamara Milagre, presidente da EVITA
Pedro Nunes
"É verdade que os hospitais estão a entrar em rotura, os médicos atrasam os tratamentos para diminuir a exposição ao risco e o doente oncológico infetado é obrigado a interromper os seus tratamentos enquanto recupera da covid-19. Esse atraso pode ser significativo uma vez que há registos da positividade prolongada em doentes oncológicos, o que atrasa ainda mais a retoma do tratamento oncológico”, alerta Tamara Milagre.
A presidente da associação lembra, ainda, que o doente oncológico tem que se deslocar com frequência ao hospital, em alguns casos essa visita é diária. "Se o doente estiver infetado aumenta o risco de um surto no hospital e pode infetar os profissionais de saúde", conclui.
20 janeiro 2021
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