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Cancro poderá vir a ser a principal causa de morte em adultos com diabetes tipo 2

Este é um alerta feito pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) na sequência da publicação recente de um estudo feito em Inglaterra.

Estima-se que cerca de 20% das pessoas com cancro tenham também diabetes e que as pessoas com diabetes apresentem um maior risco de desenvolver determinados tipos de cancro, além de menos anos de sobrevivência em média.

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Basta olhar para estudos já feitos para comprovar a correlação que existe entre o aparecimento de cancro e os diabetes, como é o caso de um trabalho publicado na revista Nature - no ano passado - (clique AQUI para aceder ao estudo) que diz que as mulheres com diabetes têm um risco 20% a 27 % maior de desenvolverem cancro da mama. Em investigações anteriores já tinham sugerido que o risco de diabetes começa a aumentar dois anos após um diagnóstico de cancro da mama e que o risco é 20 % mais elevado em sobreviventes de cancro da mama 10 anos após um diagnóstico. A resistência à insulina tem sido assim associada à incidência do cancro da mama.

“As doenças não transmissíveis, como é o caso do cancro e da diabetes, estão entre as dez ameaças à saúde global identificadas pela OMS. A situação agrava-se quando pensamos nas pessoas que têm as duas doenças em simultâneo.”, lembra José Manuel Boavida, presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP).

A proporção de mortes por cancro nas pessoas com diabetes, entre as mortes por todas as causas, permanece alta (> 30%) em idades jovens, e tem aumentado constantemente em idades mais avançadas, aponta o mais recente estudo intitulado:Desigualdades nas tendências de mortalidade por cancro em pessoas com diabetes tipo 2: estudo populacional de 20 anos em Inglaterra” e que pode ser consultado AQUI.

O estudo foi realizado entre 1998 e 2018, e baseou-se em mais de 130 mil adultos com 35 anos ou mais e diabetes tipo 2. O objetivo foi descrever as tendências a longo prazo das taxas de mortalidade por cancro em pessoas com diabetes tipo 2, tendo como base subgrupos definidos por características sociodemográficas e fatores de risco.

Na análise ao estudo, a APDP destaca em comunicado que os dados apresentados apontam para um aumento de mortalidade causada por cancro ente 1998 e 2018, sobretudo na faixa etária dos +75 anos. Este aumento verificou-se especialmente no caso das seguintes neoplasias malignas: cancro colorretal, do pâncreas, hepático e do endométrio. Em comparação com a população geral, a taxa de mortalidade devido a estes cancros é quase duas vezes maior em pessoas com diabetes tipo 2.

Ainda assim, segundo o mesmo estudo, a mortalidade por todas as causas em pessoas com diabetes tipo 2 diminuiu para todas as idades. Logo, as conclusões do estudo sugerem que as estratégias de prevenção e deteção do cancro merecem um nível de atenção semelhante ao de outras complicações como as doenças cardiovasculares.

“Estas conclusões mostram que são necessárias estratégias de prevenção eficientes com medidas que promovam ambientes favoráveis à saúde e acompanhamento médico para controlo da diabetes. O diagnóstico precoce de cancro em pessoas com diabetes, é essencial e salva vidas. Para o conseguir, é crucial apostar também em estratégias de deteção precoce e encaminhamento adequado.”, explica João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.

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