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Vacina contra o melanoma pode abrir caminho para outros tratamentos oncológicos

Ainda que a evolução da tecnologia seja rápida, a velocidade de metastização do melanoma é também acelerada e, por isso, como em todas as doenças oncológicas, o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso de qualquer tratamento.
Marta Tuna

Marta Tuna

Jornalista

Vítor Caldas

Vítor Caldas

Repórter de Imagem

David Alves

David Alves

Editor de Imagem

Steve Young, de 52 anos, foi uma das primeiras pessoas no mundo a ser vacinada contra o melanoma, o tipo de cancro da pele a maior taxa de mortalidade.

Esta vacina com a tecnologia de mRNA está na terceira fase de ensaios clínicos e usa a mesma tecnologia das principais vacinas contra a Covid-19. Ao contrário das doenças infecciosas, esta vacina não é usada prevenir ou atenuar sintomas, mas para ajudar no tratamento do melanoma de quem já foi diagnosticado com a doença.

"O que é feito é a extração de fragmentos do próprio tumor, são identificadas sequências que são designadas de neoantigenios - neo de novo, antigénio quer dizer que o nosso organismo vai reconhecer como estranho, de uma forma simples. São desenvolvidos, são amplificados e são injetados esses fragmentos muito pequeninos de proteínas na circulação e vão ser reconhecidos pelo nosso sistema imunitário como um alvo a abater", explica Daniela Cunha médica dermatologista e diretora da especialidade na Fundação Champalimaud.

A vacina pode ser aplicada em casos mais graves e pode abrir caminho para a aplicação desta tecnologia noutros tipos de cancro, uma dinâmica que se tem verificado nos últimos treze anos, em que o estudo do melanoma tem aberto caminho para várias terapias oncológicas.

"Há alguns anos atrás, tínhamos a terapêutica alvo que dirigia a mutações específicas encontradas no melanoma e que ainda hoje é utilizada. Desenvolvemos também a imunoterapia - os investigadores, a comunidade que investiga - que é, no fundo, estimular o nosso próprio sistema imunitário a reagir contra o melanoma. Temos outras terapêuticas, combinações e novas imunoterapias e a utilização de linfócitos, (células) que temos nós próprios no nosso corpo, e que podem ser extraídas e potenciadas."

Ainda que a evolução da tecnologia seja rápida a velocidade de metastização do melanoma é também acelerada e, por isso, como em todas as doenças oncológicas o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso de qualquer tratamento, uma vez que quando detetado precocemente o melanoma é um tumor curável e - quando detetado mais tarde - apresenta muitos desafios, sendo que na maioria dos casos falamos no prolongamento da "sobrevida livre de doença". Conseguir um diagnóstico depende, segundo a médica dermatologista, "da comunidade médica, mas também é muito dependente da cada um de nós, de cada cidadão."

Incidência do melanoma

Por ano, o melanoma afeta mais de 130 mil pessoas em todo o mundo, apesar de ser o cancro de pele mais mortal, é também dos mais preveníveis, mas para isso é preciso mudar mentalidades - "há muito aquele conceito errado, quando se apanha sol fica-se bronzeado e fica-se com um ar saudável. Isto é completamente um paradoxo".

Em Portugal, o número de diagnósticos anuais de melanoma está a aumentar, são mais de 1500 por ano.

Evitar a exposição solar prolongada durante o meio dia e as três da tarde, utilizar proteção adequada e a não utilização de solários são algumas das medidas que os especialistas apontam como mais importantes para prevenir o melanoma.

Saiba mais AQUI sobre esta neoplasia maligna.

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