Foi a sua terceira detenção desde a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em junho de 1989.
Liu Xiaobo foi detido pela última vez em dezembro de 2008, depois de ter promovido um abaixo-assinado a favor da introdução de reformas políticas na China, nomeadamente o fim do regime de partido único, a independência do poder judicial e a liberdade de associação.
O manifesto, subscrito entretanto por mais de dez mil pessoas, chama-se "Carta 08", uma alusão à famosa Carta 77 lançada por Vaclav Havel na antiga Checoslováquia socialista.
"Devemos tornar universal a liberdade de expressão e de imprensa, garantindo que os cidadãos possam ser informados e exercer os seus direitos de supervisão política (...) Devemos acabar com a prática de encarar as palavras como crimes", proclama a "Carta 08" .
Liu Xiaobo é doutorado em literatura chinesa.
Ensinou numa universidade em Pequim, mas foi banido do ensino oficial pelo seu envolvimento nas manifestações estudantis de 1989, consideradas pelo governo como "uma rebelião contra-revolucionária".
Depois da repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, esteve preso durante cerca de um ano e meio, até ao início de 1991.
Entre 1996 e 1999, foi de novo detido e internado num "campo de reeducação através do trabalho".
Estados Unidos e União Europeia pediram várias vezes a libertação de Liu Xiaobo.
Em dezembro passado, o porta-voz do departamento norte-americano de Estado disse que um julgamento de Liu Xiaobo "não é próprio de um grande país".
O governo chinês rejeitou as críticas ocidentais ao processo, considerando-as uma "ingerência grosseira nos assuntos internos da China".
A China é hoje uma das mais dinâmicas economias do mundo, mas no plano político, o "papel dirigente" do Partido Comunista continua a ser "um princípio cardinal".
"Este país nunca teve tantas liberdades individuais como agora, mas desafiar o poder do Partido, isso não é, de modo nenhum, permitido", comentou o ano passado em Pequim Sidney Rittenberg, o único cidadão norte-americano autorizado a filiar-se no PCC, na década de 1940.
"Dissidentes são os que insistem em desafiar publicamente o poder do Partido Comunista. Para eles não há justiça", acrescentou.
(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
Lusa