Nos estúdios da SIC Notícias, a comentar a atualidade política, Rui Rocha começou por questionar “o que os portugueses ganharam nas últimas 48 horas”, com a morosa eleição para os cargos de presidente e vice-presidentes da Assembleia da República. Para o líder da Iniciativa, o PS também tem culpas e o Chega mostrou, uma vez mais, que “não é confiável”.
"Aguiar-Branco [eleito presidente da AR nos próximos dois anos] ganhou, de ontem para hoje, características novas que o recomendam mais para o cargo? Depois, vamos ter, numa segunda parte da legislatura, um presidente do Partido Socialista [Francisco Assis] na Assembleia da República. Pergunto a quem comentou esta infantilidade, que foi André Ventura, qual é a consequência ultima de todo esse processo. Qual é o resultado útil disso?"
Rui Rocha garante compreender as “vitórias” políticas, as estratégias dos partidos, mas realça que os portugueses “não ganharam nada” com esta situação é que foi criado um “drama” quando “o normal seria que a candidatura apresentada pelo partido que ganhou as legislativas fosse sufragada pelo menos pelos partidos com mais responsabilidade”.
É aqui que o liberal condena também o PS, apesar de terem sido os socialistas a solucionarem o problema, ao chegarem a um acordo de presidência divida com o PSD.
“Se temos um partido que não é confiável, o Chega, apesar do peso legitimo das eleições, todos os outros partidos tem uma responsabilidade acrescida. Admito que o PSD não conduziu o processo com a sagacidade necessária, mas o PS também começou muito mal, pois juntou-se ao Chega”.
“Não houve o alinhamento necessário”
Questionado sobre a decisão da Iniciativa Liberal de não fazer parte do Governo, comunicada através de um comunicado conjunto de PSD e IL enviado às redações, Rui Rocha não quis entrar “no pormenor da negociação”, mas deu um exemplo para mostrar que “não houve o alinhamento necessário para se consumar um acordo”.
“Eu apresentei, durante os debates e a campanha, um conjunto de 10 pontos, 10 desafios essenciais para alterar o país [entregue a Luís Montenegro durante um debate na SIC]. Dou um exemplo: para a IL é fundamental mudar o sistema eleitoral e trazer um circulo de compensação que permita não se perderam centenas de milhares de votos a cada eleição. O PSD não tem essa mesma prioridade. É um dos casos em que as visões dos dois partidos não estão alinhadas”.