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Pinguins da Antártida com gripe das aves preocupam cientistas

Desde que a doença foi detetada no continente gelado em março está a propagar-se rapidamente ente as populações de diferentes aves.

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Cientistas na Antártica estão preocupados com a rápida propagação do mortal vírus da gripe das aves H5N1 depois de a doença ter sido detetada pela primeira vez no continente gelado em março. Desde então foi detetada em populações locais de pinguins e corvos-marinhos e há suspeita de que milhares de pinguins-de-Adélia tenham morrido devido ao vírus.

A propagação deste vírus dizimou populações de aves em todo o mundo, atingido as populações de aves selvagens e mamíferos marinhos da América do Sul. Há por isso enormes receios na comunidade científica dos impactos nas enormes colónias de pinguins da região.

“Existem espécies em perigo de extinção, como os pinguins-imperadores e outras aves”, disse a investigadora Fabiola Leon, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, que fez parte de uma expedição no final de 2023 e início de 2024 para monitorizar o vírus da gripe das aves na Antártica.

O Instituto Antártico Chileno (INACH), que organizou a expedição, anunciou esta semana que detetou novos casos positivos de gripe das aves na região, incluindo casos positivos em nove pinguins-de-Adélia e um cormorão antártico, ou corvo-marinho, acrescentou Leon.

O vírus foi encontrado pela primeira vez em aves marinhas skua no continente antártico em março.

“Esta deteção da gripe altamente patogénica H5N1 é relatada pela primeira vez em pinguins e cormorão antártico”, disse Leon.

O facto de os pinguins se agregarem em colónias muito grandes e os movimentos migratórios podem exacerbar a propagação do vírus e "promover e aumentar a taxa de transmissão de doenças entre várias colónias de aves”.



Mais de 500 pinguins encontrados mortos

Uma outra equipa de cientistas encontrou 532 carcaças de pinguins-de-Adélia no sul na ilha antártica de Heroina, no Mar de Weddell, e suspeita que morreram após um surto de gripe das aves no final do verão.

"É a primeira vez que a vida selvagem destas regiões é ameaçada por um surto em grande escala da doença", disse Meagan Dewar, que liderou a expedição científica, em declarações à agencia espanhola EFE.

A especialista em ciências biológicas da Federation University Australia explicou acreditam que os pinguins morreram devido ao vírus HPAIV H5, um subtipo do patógeno da gripe das aves e disse que é "difícil prever como evoluirá a situação e como o vírus se comportará no ambiente antártico".

A estimativa de mortalidade em toda a ilha "é, na realidade, na casa dos milhares, apenas para os pinguins-de-Adélia" adultos e crias, disse a cientista, sem descartar a hipótese deste surto ter afetado outras espécies.

Durante a expedição, a equipa de Dewar considerou estar perante uma "mortalidade invulgar" de pinguins dado que os exemplares adultos se encontravam em boas condições corporais e a situação era diferente da taxa de mortalidade que tinha sido registada na temporada anterior.

Embora os testes moleculares realizados por esta equipa tenham sido negativos para a gripe das aves, os investigadores submeteram as suas amostras a outras análises laboratoriais para confirmar as causas destas mortes em poucos meses.

Esta equipa de cientistas inclui especialistas da Argentina, Alemanha, Austrália, Espanha e Holanda.

Paralelamente, a equipa quer determinar se o vírus provém da América do Sul ou das ilhas subantárticas, o seu impacto no futuro, bem como o eventual risco para outras espécies no continente congelado.

Com Lusa