A AstraZeneca guardou quase 30 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 num armazém em Itália, que teriam como destino o Reino Unido.
A notícia está a ser avançada pelo jornal italiano La Stampa. As vacinas foram descobertas durante uma inspeção às instalações, ordenada pela Comissão Europeia.
Helder Mota Filipe, perito da Agência Europeia do Medicamento, considera que se deve perceber bem o que está a acontecer, porque "não é possível no sistema do medicamento ter vacinas escondidas num local qualquer".
"Todo o sistema é do conhecimento das autoridades nacionais e de cada um dos Estados-membros (...). Esta história está, não digo mal contada, mas contada com alguns pormenores que não batem certo."
O também professor da Faculdade de Farmácia de Lisboa diz que é "impossível haver vacinas escondidas", porque caso contrário poderia tratar-se de um "circuito paralelo, ilegal".
O número de doses guardadas equivale a mais do que a União Europeia (UE) já recebeu, numa altura em que a AstraZeneca continua a encontrar dificuldades para cumprir o acordo estabelecido.
O perito da Agência Europeia do Medicamento entende que é "preciso aclarar (...) qual é o destino dessas doses que estão em Itália".
A farmacêutica tinha prometido mais de 90 milhões de doses no primeiro trimestre, um número que já foi revisto duas vezes, sendo agora de 30 milhões de doses até ao final de março. Até ao momento, chegaram apenas 17 milhões de doses à União Europeia.
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