O Zmar vai começar a receber, durante a tarde desta quarta-feira, cerca de 50 imigrantes.
São trabalhadores agrícolas das freguesias sob cordão sanitário, no concelho de Odemira, que testaram negativo para a covid-19, mas não têm condições de habitabilidade, como explica o repórter da SIC, Hugo Alcântara.
À porta do Zmar mantém-se algumas pessoas, entre elas proprietários e colaboradores da unidade hoteleira, que se juntaram na tentativa de fazer pressão.
O Governo não vai requisitar as casas privadas do Zmar, a requisição temporária para alojar imigrantes que precisam de ficar em quarentena aplica-se apenas à parte não privada do empreendimento. Os imigrantes que se encontram infetados serão transferidos para uma outra unidade do concelho de Odemira.
Falta de habitação e preços das rendas levam trabalhadores agrícolas a partilharem casa
A falta de habitação disponível e os preços das rendas levam milhares de trabalhadores agrícolas, que chegaram nos últimos anos a Odemira, a partilhar as habitações que encontram.
Chegam a dormir duas pessoas na mesma cama, como é o caso de um grupo de indianos que habitam no centro da Zambujeira do Mar. Alguns deles chegaram a pagar 10 mil euros para procurarem em Portugal uma vida melhor.
Ordem dos advogados que disponibilizar apoio legal aos imigrantes
Elementos da Ordem dos Advogados chegaram esta quarta-feira a Odemira.
Em entrevista à SIC, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem diz que já solicitou reuniões e pediu visitas aos locais onde a situação é mais problemática, de forma a oferecer apoio legal aos imigrantes ilegais.
"Primeiro verificar se estão ou não legais, e se não estão temos de encontrar forma de os colocar, porque estamos a falar de 6.000 pessoas", explicou Márcia Martinho da Rosa, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados.
CAP quer trabalhadores testados e autorizados a regressar às explorações em Odemira
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu esta quarta-feira que os trabalhadores agrícolas do concelho de Odemira sejam testados e regressem às explorações onde o cordão sanitário provoca o desperdício de 1.600 toneladas de alimentos por semana.
"É imprescindível que seja instituído um mecanismo fiável de testagens que permita a circulação de proprietários e de trabalhadores para efeito de acesso às produções agrícolas, mediante apresentação de comprovativo de teste negativo para a covid-19", afirmou o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, numa conferência de imprensa sobre a situação dos trabalhadores agrícolas sazonais do concelho de Odemira, no distrito de Beja.
De acordo com a CAP, "cerca de 40% dos trabalhadores agrícolas não conseguem passar de um lado para o outro, para acudir às colheitas" o que, segundo o vice-presidente da confederação, Gonçalo Santos Andrade, levou a que, "numa semana, tenham sido desperdiçadas 1.600 toneladas de produtos altamente perecíveis".
Uma situação que a CAP considera "inaceitável" e que afeta as duas freguesias do concelho de Odemira (São Teotónio e Longueira/ Almograve) que estão em cordão sanitário por causa da elevada incidência de covid-19 entre os imigrantes que trabalham na agricultura e que vivem em condições precárias.