Fake News: a ilusão da verdade

Jogos contra as mentiras 

A par das campanhas contra a desinformação, promovidas por governos e organismos oficiais, existe o trabalho feito pelos grupos que, constantemente, fazem a verificação de factos. Um trabalho que se tem vindo a reforçar nos últimos anos, com o aumento das chamadas notícias falsas, que de notícia, quase sempre, pouco ou nada têm.

Jogos contra as mentiras 

Na luta conta estes conteúdos, também as universidades tentam desenvolver mecanismos que permitam a quem está em rede possa separar os factos das opiniões.

É o caso de um jogo online, que nasceu na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Existe um outro, destinado a aplicações de telemóvel, desenvolvido nos Estados Unidos, a partir do esforço de um cientista cognitivo australiano. Neste caso, o Cranky Uncle, usa animações que tentam puxar ao máximo pelo pensamento crítico.

Disponível para iPhone e Android, o Cranky Uncle apresenta aos utilizadores a possibilidade de interagirem com um tio mal-humorado, seguidor de teorias da conspiração. Criado nos laboratórios da Universidade George Mason, em Fairfax, Virgínia, Estados Unidos, teve, de início, a missão de combater a desinformação associada às alterações climáticas. Ajustou-se, nos últimos tempos, à pandemia, e a toda a informação falsa que circula, em redor da covid-19.

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"O jogo é basicamente uma vacina contra a desinformação. É baseado na teoria da inoculação, um ramo da investigação psicológica que usa a teoria da vacinação e aplica-a ao conhecimento", diz à SIC John Cook, o cientista cognitivo, ligado a este projeto. Saber separar a verdade dos factos, identificar mitos e falácias, são algumas dos objetivos desta aplicação.

O utilizador, à medida que vai respondendo a breves questionários, passa de nível e entra em terrenos mais profundos da desinformação, sempre acompanhado pelo tio que tenta mostrar que a opinião pode e deve pesar mais do que os factos. "Pensamento crítico é essencial", refere John Cook, sublinhando que é essencial "dar ferramentas para que as pessoas possam separar factos e mitos e como os factos e o conhecimento são gerados".

"O facto de as pessoas viverem nas suas bolhas de informação, como câmaras de ressonância, é um dos desafios no combate esta desinformação. Cheguei à conclusão que a forma mais eficaz de combate nas salas de aulas criando resiliência nos alunos, à desinformação", acrescenta.

Também assente no princípio da inoculação, nasceu o Bad News, um jogo criado por Jon Roozenbeek e Sander van der Linden , cientistas da Universidade de Cambridge. Tem, igualmente, como missão criar sinais de alarme em relação às notícias falsas e desenvolver uma "imunidade cognitiva".