Boko Haram

Raparigas raptadas na Nigéria são "irmãs", diz ativista paquistanesa Malala Yousafzai

A jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que sobreviveu a uma tentativa de assassínio pelos talibãs, disse que as raparigas raptadas numa escola na Nigéria são como suas "irmãs" e que os sequestradores não compreendem o islão.

© Olivia Harris / Reuters

"Quando soube que raparigas tinham sido raptadas na Nigéria, fiquei  muito triste e pensei que as minhas irmãs (nigerianas) estão presas e que  eu devia falar por elas", disse na quarta-feira, em declarações à CNN. 

Segundo Malala Yousafzai, o grupo islâmico Boko Haram, que reivindicou  o rapto de mais de 200 adolescentes em meados de abril, suscitando forte  indignação na Nigéria e no mundo, não compreende o islão e não estudou o  Alcorão. 

"Eles estão a fazer uma má utilização da palavra islão, porque se esqueceram  que a palavra islão significa 'paz'", disse a jovem paquistanesa, aconselhando  os membros do Boko Haram a "estudarem o Alcorão". 

Atualmente com 16 anos, Malala Yousafzai foi alvo de uma tentativa de  assassínio em outubro de 2012, depois de ter defendido a educação das raparigas  na sua região natal do noroeste do Paquistão. Vive agora no Reino Unido.

A prémio Sakharov para os Direitos Humanos classificou os atos do Boko  Haram como "aflitivos". 

"Como é que se pode aprisionar as próprias irmãs e tratá-las de modo  tão horrível", questionou, numa alusão às ameaças do grupo extremista de  que as adolescentes serão tratadas como "escravas", "vendidas" e "casadas"  à força. 

Também o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan falou hoje em defesa  das raparigas raptadas, apelando para uma ação global, ao mesmo tempo que  criticava o governo da Nigéria e outros Estados africanos por não agirem  mais rapidamente perante o sequestro. 

Prémio Nobel da Paz em 2001, Annan sublinhou, em declarações à BBC,  a necessidade de os governos porem à disposição os seus recursos para libertar  as adolescentes. 

Ativo desde 2009, o Boko Haram pretende criar um estado islâmico no  norte da Nigéria, essencialmente muçulmano, ao contrário do sul, onde os  cristãos estão em maioria. 

"A educação não islâmica é pecado" é o significado de Boko Haram em  haussa, a língua mais falada no norte do país mais populoso de África, com  160 milhões de habitantes.