Ébola

Ébola, o vírus mortal ainda sem tratamento nem vacina

Ébola é nome de terror entre as populações afetadas pelo vírus da febre hemorrágica que já causou pelo menos 59 mortos na Guiné-Conacri, no maior surto em sete anos e que poderá propagar-se aos países vizinhos.

(Reuters Arquivo)
© Ho New / Reuters

O Ébola -- nome do rio na República Democrática do Congo onde o vírus foi detetado pela primeira vez, em 1976, ainda aquele país se chamava Zaire -- transmite-se por contacto direto com o sangue, fluidos corporais e tecidos de sujeitos infetados, provocando febres hemorrágicas que podem ser fatais.

Após um período de incubação de entre dois e 21 dias, os infetados sofrem um brusco aumento da temperatura, acompanhadas por fadiga intensa, dores musculares, dores de cabeça e dores de garganta. Seguem-se vómitos, diarreias, erupções cutâneas, desidratação, insuficiência renal e hepática e hemorragias internas e externas.   

Não existe tratamento nem vacina, cenário que faz do Ébola um dos mais mortais e contagiosos vírus para os seres humanos. Desde 1976, o Ébola causou a morte de pelo menos 1.200 pessoas, dos 1.850 casos detetados. Os surtos mais fortes registaram-se na República Democrática do Congo, em 1976 (318 casos), 1995 (315 casos) e 2007 (264 casos), no Sudão, em 1976 (284), e no Uganda, em 2000 (425 casos). 

Enquanto um novo medicamento está a ser avaliado em laboratório, vários protótipos de vacinas estão em fase de testes mas ainda será preciso esperar anos até se obter uma vacina real. 

Da família dos filovírus, o Ébola tem pelo menos cinco estirpes identificadas: Zaire, Sudão, Costa do Marfim, Bundibugyo e Reston. 

A origem exata das epidemias registadas no passado permanece um mistério. O mais que se pode dizer é que estará algures nas florestas tropicais de África e do Pacífico Ocidental.  

Sobre a propagação do Ébola, há várias hipóteses em cima da mesa. A transmissão através de animais, vivos ou mortos, portadores do vírus, é uma possibilidade a ter em conta. Certos estudos revelam que o morcego desempenha um papel no ciclo de transmissão do vírus. 

Especialistas alertam também para o facto de os rituais fúnebres das regiões onde foram registados os principais surtos, que incluem o contacto direto de familiares e amigos com o corpo dos mortos, desempenharem um papel relevante na transmissão do vírus.  

Desde janeiro deste ano que o vírus Ébola está a matar na Guiné-Conacri, sobretudo nas regiões do sul, onde foram detetados pelo menos 87 casos, dos quais 61 mortais, no que é o maior surtem em sete anos. 

O risco de propagação aos países vizinhos, nomeadamente Libéria e Serra Leoa, é sério. Mali, Costa do Marfim, Gâmbia e Guiné-Bissau estão em estado de alerta para evitar que a doença chegue até às suas fronteiras. 

Com Lusa