Quadros de Miró

Tribunal de Contas vai analisar contrato com a Christie's sobre coleção Miró 

O contrato entre a Parvalorem e a leiloeira  Christie's para a venda da coleção Miró em Londres deu entrada na segunda-feira  no Tribunal de Contas (TdC), confirmou hoje à agência Lusa fonte da entidade.

(Lusa)

De acordo com o gabinete de comunicação do TdC, o contrato, que possui  uma cláusula de confidencialidade exigida pela leiloeira internacional,  "foi remetido ao Tribunal e deu entrada na segunda-feira".  

Na última semana, no parlamento, deputados da oposição levantaram dúvidas  sobre a natureza do contrato e se deveria ser fiscalizado pelo TdC, depois  da secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, ter garantido  que "não representava nem um cêntimo de despesa para o Estado". 

Na audição parlamentar, a governante apresentou o mesmo argumento que  o presidente da Parvalorem, Francisco Nogueira Leite: O contrato não tinha  sido enviado para o TdC para fiscalização prévia porque representava receita  para o Estado e não despesa. 

Na sequência das dúvidas suscitadas no parlamento, o presidente da Parvalorem  anunciou que iria enviar o contrato de venda celebrado com a Christies  ao TdC "para que não subsistam quaisquer dúvidas", afirmou, na altura. 

Os juízes da primeira secção do Tribunal deverão agora analisar se o  contrato está ou não sujeito a fiscalização prévia, devolvendo-o à Parvalorem  se não estiver dentro dessa obrigação legal. 

Caso decidam que este contrato deve estar sujeito a fiscalização prévia,  o TdC tem, de acordo com a lei, 30 dias úteis para pronunciar-se sobre a  sua recusa ou aceitação. 

A Parvalorem, sociedade anónima de capitais públicos que detém a coleção  de arte Miró, revelou hoje à agência Lusa que vai enviar para o Tribunal  de Contas (TdC) o contrato celebrado com a Christie's para venda das 85  obras. 

A Parvalorem - tal como a Parups e a Parparticipadas - é uma sociedade  anónima de capitais públicos criada em 2010 pelo Estado para gerir os ativos  e recuperar créditos do ex-BPN, nacionalizado em 2008. 

Questionado na última semana pela Lusa sobre a cláusula de confidencialidade  que tem mantido o contrato inacessível, Francisco Nogueira Leite disse que  a regra estipulada no acordo "não se coloca no caso dos tribunais e outras  entidades judiciais". 

Desde o início de fevereiro, o Ministério Público interpôs duas providências  cautelares no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa sobre o processo  de venda da coleção Miró, e na sequência de um primeiro despacho judicial,  a Christies decidiu cancelar o leilão previsto para o início daquele mês.

O despacho judicial não impedia a realização do leilão, mas apontava  ilegalidades no processo de saída das obras do país, sem autorização da  entidade nacional competente, o que levou a leiloeira a enviar as obras  novamente para Portugal para solicitar os documentos e marcar novo leilão  para junho. 

No parlamento, a secretária de Estado do Tesouro disse estar convicta  de que a venda dos Miró em Londres "tem condições" para concretizar-se e  que a principal preocupação do Governo é "a maximização das receitas" nestas  operações para "reduzir o endividamento do Estado" resultante da nacionalização  do BPN. 

Lusa