Helder Bataglia, o homem que desde 93 liderou os negócios GES em Angola e no Congo, através de várias empresas com ligações à ESCOM, uma offshore com origem nas ilhas britânicas, admite agora que parte do dinheiro que tranferiu entre 2008 e 2009 para pagar comissões e outras despesas não documentadas teve origem na Espírito Santo Enterprises no Panamá, uma offshore do grupo liderado por Ricardo Salgado e que alegadamente terá sido usada durante vários anos para ocultar dinheiro e património às autoridades fiscais.
A Espírito Santo Enterprises terá sido um saco azul por onde terão passado pelo menos 300 milhões de euros de pagamentos a destinatários não identificados, segundo os documentos revelados no escândalo "Panama Papers".
A tese do Ministério Público centra-se no resort de Vale do Lobo, do qual Bataglia é acionista. A investigação acredita que os 12 milhões de euros que o empresário luso-angolano terá feito chegar a contas na Suíça de Joaquim Barroca, dono do grupo Lena, e que depois terão sido transferidos em várias tranches para o empresário Carlos Santos Silva, amigo de longa data de Sócrates, pertencerão ao ex-primeiro ministro.
Em entrevista ao Expresso, Helder Bataglia garante no entanto que o dinheiro nada tem que ver com Joaquim Barroca nem com ele próprio, mas assume que saiu da offshore do Espírito Santo.
Os documentos agora conhecidos mostram que as transferências investigadas no âmbito da Operação Marquês têm origem no grupo liderado por Ricardo Salgado.
À SIC, o advogado de José Socrates diz que o ex-primeiro-ministro não tem qualquer ligação com este caso. Pedro Delille diz não haver qualquer justificação para esta investigação.