Crise na Ucrânia

Presidente deposto da Ucrânia recusa abandonar o cargo

Viktor Ianukovich falou esta tarde aos jornalistas, a partir da Rússia. Foi a primeira vez que apareceu em público desde que foi destituído a 22 de fevereiro. Diseque saiu da Ucrânia porque foi ameaçado, garantiu que vai continuar a lutar e defendeu que o poder foi tomado por jovens neofascistas

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Ianukovich falava durante uma conferência de imprensa em Rostov-no-Don,  cidade no sul da Rússia, próxima da fronteira ucraniana, a sua primeira  aparição pública desde que foi destituído pelo Parlamento, a 22 de fevereiro.

Viktor Ianukovich, de 63 anos, disse que foi forçado a deixar a Ucrânia  após ameaças contra a sua vida, defendendo ainda que o poder foi tomado  "por jovens neofascistas". 

Ainda em declarações à comunicação social, o político referiu que "o  terror e o caos" prevalecem neste momento no país, culpando as "políticas  irresponsáveis" do Ocidente pela crise que afeta a Ucrânia e pelos confrontos  e vítimas registados em Kiev. 

O chefe de Estado deposto garantiu que não ordenou à polícia de choque  para disparar contra os manifestantes concentrados na capital. 

Viktor Ianukovich aproveitou igualmente para pedir desculpas "ao povo  ucraniano" por não ter tido mais força para suportar a situação. 

Questionado pelos jornalistas, o político disse ter falado ao telefone  com o Presidente russo, Vladimir Putin, despois de ter chegado ao país,  esclarecendo no entanto que ainda não se encontrou com o líder do Kremlin.

Ainda sobre Putin, o político admitiu estar admirado com o "silêncio"  do chefe de Estado Russo, mas garantiu que não pedirá auxílio militar a  Moscovo para regressar ao poder. 

"A Rússia deve e é obrigada a agir, e conhecendo o caráter de Vladimir  Putin, pergunto-me porque está tão reservado e porque mantém o silêncio",  afirmou. 

Ianukovich mencionou, sem adiantar muitos pormenores, que entrou no  território russo "graças a um jovem oficial patriótico", sublinhando que  só regressará à Ucrânia se a sua segurança pessoal estiver garantida. 

"Voltarei à Ucrânia (...) quando tiver as condições e as garantias,  nomeadamente por parte dos mediadores internacionais, para minha segurança",  referiu. 

No entanto, advertiu que não tenciona participar nas eleições presidenciais  agendadas para 25 de maio, que considera ilegais. 

Sobre as tensões verificadas na Crimeia, o político considerou que foram  uma "reação natural" face a uma usurpação de poder e a um "golpe de Estado  de bandidos", apelando ainda para a manutenção da república autónoma na  Ucrânia. 

"Tudo o que se passa na Crimeia é uma reação absolutamente natural face  a um golpe de Estado de bandidos, em Kiev um punhado de radicais usurpou  o poder", declarou diante dos jornalistas. 

  Com Lusa