Crise na Ucrânia

Kiev avança com dissolução do Parlamento regional da Crimeia 

O Presidente interino da Ucrânia anunciou hoje  que o parlamento de Kiev vai avançar com o processo de dissolução do parlamento  regional da Crimeia, que convocou um referendo sobre a eventual incorporação  da república autónoma ucraniana na Rússia. 

© Stringer . / Reuters

"O Rada  (parlamento ucraniano) vai iniciar a dissolução do Parlamento  da Crimeia", declarou Olexandre Tourtchinov, numa comunicação ao país. 

O referendo é "uma farsa, um crime contra a Ucrânia cometido por militares  russos", acrescentou o chefe de Estado ucraniano interino. 

De acordo com as declarações do vice-primeiro-ministro do governo pró-russo  da república autónoma, Rustam Temirgaliyev, hoje citadas por media locais,  o parlamento da Crimeia (sul da Ucrânia) convocou um referendo para o próximo  dia 16 de março, em que perguntará aos cidadãos se desejam continuar na  Ucrânia ou unir-se à Rússia.  

Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, os deputados da Crimeia aprovaram  "por unanimidade" uma resolução que estabelece que a região autónoma "é  incorporada na Federação Russa". 

O Kremlin divulgou que o Presidente russo, Vladimir Putin, tinha sido  informado da decisão do parlamento da Crimeia de lhe pedir para a península  ucraniana no Mar Negro se tornar parte da Rússia. 

"Esta novidade  (do pedido) acabou de chegar. O Presidente foi informado",  disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov à agência oficial ITAR-TASS.

Fontes do governo pró-russo da Crimeia indicaram que o referendo terá  duas perguntas: "está a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia, como  sujeito da Federação Russa?" e "está a favor da aplicação da Constituição  da Crimeia de 1992 e do estatuto da Crimeia como parte da Ucrânia?". 

O parlamento da Crimeia tinha aprovado a 27 de fevereiro a realização  a 25 de maio de uma consulta para alargar a autonomia desta república ucraniana  com maioria de população de língua russa.  

No passado dia 01, o novo primeiro-ministro da Crimeia, Sergiy Aksionov,  já tinha antecipado para 30 de março a consulta popular, que teria como  pergunta: "apoia a autodeterminação da Crimeia no interior da Ucrânia na  base dos tratados e convenções internacionais?". 

As novas autoridades de Kiev não reconhecem o governo de Simferopol,  que por sua vez considera ilegítimo o executivo central e continua a considerar  como Presidente da Ucrânia o deposto Viktor Ianukovich, exilado na Rússia.

A Crimeia pertenceu à Rússia, no âmbito da União Soviética, e foi anexada  à Ucrânia em 1954. 

Os censos mais recentes indicam que vivem no território, com 26.081  quilómetros quadrados e que acolhe uma base naval russa em Sebastopol, cerca  de dois milhões de pessoas, incluindo 60 por cento de russos, 26 por cento  de ucranianos e 12 por cento de tártaros.  

Lusa