Crise na Ucrânia

Forças da Crimeia invadem quartel-general da Marinha ucraniana em Sebastopol

As forças de autodefesa da Crimeia tomaram hoje o quartel-general da Marinha ucraniana no porto de Sebastopol, no Mar Negro. O assalto acontece um dia depois da Rússia assinar um acordo com as autoridades para a anexação da região.

Navio da Marinha ucraniana estacionado no porto de Sebastopol, cuja posição estratégica no acesso ao Mediterrâneo é imprescindível para a frota russa (Reuters)
© Baz Ratner / Reuters

A invasão foi testemunhada por um fotógrafo da Associated Press que viu centenas de elementos das forças da Crimeia a invador o quarte-general da Ucrânia e a içar a bandeira russa. Os homens não estavam armados e, de acordo com o fotógrafo, pareciam aguardar autorização dos militares ucranianos para permanecer no local.

Na sequência do referendo de domingo na Crimeia, em que a anexação à Rússia teve a maioria dos votos, Moscovo anunciou que considera a península como parte do seu território. O Presidente russo, Vladimir Putin, e os dirigentes da província autónoma ucraniana assinaram um tratado bilateral com vista à integração da Crimeia  na Federação Russa. 

Por seu lado, as autoridades da Ucrânia garantiram que nunca reconhecerão a anexação da Crimeia e deram autorização aos seus soldados para usarem armas em resposta aos "atos hostis" da Rússia. 

"Para sua legítima defesa e proteção das suas vidas, os militares ucranianos  destacados na república autónoma da Crimeia estão autorizados a usar armas",  afirmou o Ministério da Defesa, em comunicado. 

O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Iatseniuk, comunicou  que o conflito na península entrou numa "fase militar", depois de um ataque  de homens armados a uma base na Crimeia ter causado pelo menos um morto  e um ferido entre os militares ucranianos. 

A comunidade internacional multiplicou-se em condenações, dos Estados Unidos à União Europeia. 

Washington acusou Moscovo de uma "flagrante violação da lei internacional", considerando que a ação russa na península "não é mais do que uma usurpação  territorial". 

A União Europeia reafirmou que "nunca reconhecerá a anexação da Crimeia", tema que voltará à agenda dos líderes europeus na cimeira de quinta e sexta-feira,  em Bruxelas.