Crise na Ucrânia

Parlamento ucraniano confirma substituto do ministro da Defesa

O Parlamento ucraniano (Rada) aprovou hoje a demissão do ministro da Defesa, Igor Teniukh, criticado pela sua atuação  durante a perda "humilhante" da Crimeia, e nomeou para o mesmo cargo o general Mikail Koval. 

A Rada havia rejeitado antes a demissão do almirante Igor Teniuk (na foto), mas a saída foi finalmente aprovada por 228 deputados, numa sessão parlamentar bastante agitada (Reuters)
© Stringer . / Reuters

A Rada havia rejeitado antes a demissão do almirante Igor Teniuk, mas a saída foi finalmente aprovada por 228 deputados, numa sessão parlamentar bastante agitada. 

Posteriormente, os deputados votaram a favor da nomeação de Mikail Koval  para o cargo, apresentada pelo Presidente interino, Oleksandr Turchinov, que recebeu 251 dos 314 votos dos parlamentares presentes na sessão. 

"Entendo toda a responsabilidade. Sou militar de carreira. Amo a minha  profissão, amo a Ucrânia", disse o general Koval, de 58 anos, e pertencente  ao corpo de Guarda Fronteiras. 

Koval agradeceu ao almirante pela sua gestão à frente do ministério  e Turchinov defendeu Teniukh das acusações de "ineficácia" de que foi alvo  nos últimos dias. 

"A Rússia esperava na Crimeia provocações dos militares, um confronto  militar direto para que morressem centenas de milhares de civis e ter uma  desculpa para invadir a Ucrânia continental. Mas, graças à paciência do  Ministério da Defesa e das unidades colocada ali, este plano não funcionou",  disse Turchinov. 

Vários deputados da Rada, entre os quais o líder do partido UDAR, o  ex-boxeur Vitaly Klitschko, acusaram o Governo ucraniano de não ter oferecido  resistência às tropas russas na Crimeia e de ter abandonado os soldados  que mantiveram lealdade a Kiev. 

Mais de 200 unidades ucranianas içaram a bandeira russa e mais da metade  dos soldados das forças armadas da Ucrânia trocaram de lado, colocando-se  às ordens da Rússia. 

A maioria das últimas unidades, bases e navios de guerra que continuavam  leais a Kiev foram tomados pelas forças russas no passado sábado, face à  inoperância da liderança militar e política do país, denunciada como negligente  por muitos oficiais ucranianos. 

Os efetivos ucranianos foram forçados pelas tropas russas a deixar todo  o armamento e equipamentos nas bases militares. 

Pelo menos cinco oficiais ucranianos, entre os quais o comandante adjunto  da Marinha da Ucrânia para a defesa do litoral, general Igor Voronchenk,  foram detidos pelas autoridades da Crimeia por resistir aos russos. 

A Crimeia, península russófona da Ucrânia, foi ocupada durante mais  de três semanas por tropas russas tendo sido, entretanto, anexada à Federação  Russa na semana passada, depois da realização de um referendo. 

A Rússia concedeu, até ao momento, a cidadania a cerca de 2.500 habitantes  da Crimeia, segundo o Serviço Federal Migratório (SFM) russo. 

Lusa