“Queres trocar pulseiras? Podes escolher a que quiseres!” A interação é repetida vezes sem conta, por milhares de fãs, que aguardam nas filas para a entrada do concerto de Taylor Swift, no Estádio da Luz, em Lisboa.
A cultura das “pulseiras da amizade” está enraizada na comunidade de fãs da Taylor Swift. Trata-se de uma tradição que começou no início da digressão da cantora, nos Estados Unidos da América, e que se espalhou pelos ‘swifties’ de todo o mundo.
Qual a origem do fenómeno? Maria e Ana, duas fãs de 13 anos, vindas de Oeiras, explicam: “A Taylor tem uma música – “You’re on Your Own, Kid”, no álbum “Midnights” -, onde ela diz “make the frienship bracelets, take the moment and taste it” [“faz as pulseiras da amizade, agarra o momento e saboreia-o”]. Então as pessoas trazem as pulseiras e trocam, para fazerem amizades”.
As duas adolescentes são fãs de Taylor Swift desde que tinham 10 anos. Contam que ainda não lhes “caiu a ficha” de que vão assistir ao concerto da cantora. Achavam que não iam conseguir bilhetes, mas puseram a família inteira a tentar comprá-los e o trabalho de equipa surtiu efeito. “Tínhamos cinco ecrãs de computador abertos!”, relatam.
Chegado o dia tão esperado, admitem que estavam “um bocado nervosas”, mas o convívio com os outros ‘swifties’ desinibiu-as. “Depois perdemos a vergonha. Íamos arrepender-nos se não falássemos com as pessoas.” Tudo graças à troca de “pulseiras da amizade”.
Trouxeram 30 a 40 pulseiras, cada uma. “Pusemos a nossa escola inteira a fazê-las!”, dizem.
À porta do estádio, as duas meninas abordam uma fã adulta, para trocarem pulseiras. Não há barreiras de idade ou de qualquer outro género.
“As idades variam muito, mas não há preconceito. Isso é muito bom”, defendem as adolescentes. Os ‘swifties’, garantem, “recebem muito bem as pessoas, mesmo os mais novos”. “Toda a comunidade de fãs é muito simpática.”
Sofia, de 24 anos, e Catarina, de 20, ambas de Aveiro – que também trouxeram cerca de 50 pulseiras, cujas contas soletram os nomes de músicas e álbuns de Taylor Swift - concordam.
“A comunidade é muito inclusiva, aberta a toda a gente”, aponta uma. Rege-se “pelo respeito e pelo companheirismo”, acrescenta a outra.
“Às vezes as mães vêm com as filhas e nem sequer é para acompanhar, é porque também são fãs”, notam. Prova disso é Layla e Dima, mãe e filha – uma com 15 anos, outra com 37 -, que vieram da Arábia Saudita para ver Taylor Swift em Lisboa. Estão mesmo aqui ao lado e prontas para o ritual: “Queres trocar pulseiras? Podes escolher a que quiseres!”