Desporto

FIFA espera que Qatar respeite direitos humanos na obras para o Mundial 2022

A FIFA reafirmou hoje que os direitos humanos são a "base" do futebol e que devem ser respeitados por todos os organizadores dos torneios, em resposta a um relatório alarmante da Amnistia Internacional sobre o Mundial 2022 no Qatar.

(Reuters)
© Mohamad Dabbouss / Reuters

"A FIFA já esclareceu várias vezes no passado que tem todo o respeito  pelos direitos humanos e que aplica essas normas de comportamento em todas  as suas atividades. A FIFA também espera que quem organiza os torneios e  as competições também tenham o maior respeito pelos direitos humanos", lê-se  num comunicado do organismo que rege o futebol mundial. 

A Amnistia Internacional publicou hoje um relatório de 169 páginas sobre  os imigrantes que trabalham no Qatar nas obras para o Mundial2022, em que  alerta que são tratados como "escravos" e "animais". 

Intitulado "O lado negro da imigração no Qatar", o documento revela  que os trabalhadores, grande parte de nacionalidade nepalesa, vivem em condições  desumanas, não têm todos acesso a água corrente e são muitas vezes impedidos  de receber salário e ter acesso ao seu passaporte, naquilo que classifica  de "forma moderna de escravatura".  

Em resposta a este relatório, a FIFA lembrou que o seu presidente Sepp  Blatter visitou recentemente o Qatar, onde lhe foi dada a garantia pelo  Sheik Tamim Bin Hamada el-Thani, máximo responsável do país, que as leis  do trabalho "estavam a ser melhoradas". 

"A FIFA acredita firmemente que o Mundial2020 vai ter um efeito muito  positive no Qatar e no próprio Médio Oriente e que será uma grande oportunidade  para este região descobrir o futebol como uma plataforma para haver mudanças  na sociedade, incluindo melhorar a legislação laboral e os direitos do imigrantes",  reforçou. 

Mesmo assim, a Amnistia Internacional defendeu que a FIFA deveria ter  "outra atitude" perante o que se passa no Qatar e expor ao Mundo o "abuso  dos direitos humanos na construção dos projetos relacionados com o Mundial".

"É imperdoável que um dos países mais ricos do mundo submeta os imigrantes  a uma forma brutal de exploração, que os prive dos salários e que os deixe  à sua sorte para sobreviverem. A FIFA tem o dever de dizer publicamente  que não tolera este abuso dos direitos humanos ", frisou o secretário-geral  da Amnistia Internacional, Salil Shetty.

Lusa