O presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), João Vieira, criticou as declarações de Nélson Évora sobre a naturalização de Pedro Pablo Pichardo e garantiu que não houve contacto entre o organismo e o atleta antes da sua naturalização.
Questionado pela rádio Observador sobre a rapidez do processo de naturalização, o presidente disse que há um regulamento que qualquer pessoa pode consultar.
“A lei da nacionalidade, no artigo 24.º, aponta casos especiais, como a situação de atletas, ou noutras áreas, onde os cidadão candidatos à nacionalidade possam prestar serviços relevantes ao estado português, mediante vários requisitos. E em nenhum deles está o esperar 11 anos", assegura.
João Vieira justifica ainda, que a naturalização de Nelson Évora terá demorado cerca de 11 anos precisamente porque o atleta “não colhia nenhum argumento desta lei”, motivo pelo qual teve de esperar pela maioridade.
Indignado, o responsável pela FPA, realça que ambos os atletas estão no direito de se expressar, mas rejeita totalmente a ideia de Nélson Évora de que Pichardo foi “comprado” para conquistar medalhas.
"Não oferecemos dinheiro, não comprámos, não prometemos pagamentos do que quer que seja, portanto, a compra, para mim, vista de uma forma absoluta, implica alguma troca de serviço por dinheiro. Aqui não houve. Zero pagamento do que quer que seja, até me choca um pouco falar neste termo", vincou Jorge Vieira.
A Federação espera que os dois campeões de atletismo mantenham uma boa imagem e que “acertem contas e reflitam sobre as acusações”.
Mas a avaliar pela reação de Pichardo, o caminho que está a ser traçado não parece ser esse. Pichardo diz que Nélson Évora se recusa a aceitar que o luso-cubano é melhor atleta.
Na sequência desta troca de palavras entre os atletas, Jorge Silvério, psicólogo de atletas de alta competição, numa entrevista à rádio Observador, relacionou o comportamento de Nélson Évora com a fase final da sua carreira: “Os atletas estão sempre a ser avaliados, quer nos treinos quer nas competições e essa pressão provoca emoções difíceis de gerir”.
O psicólogo alertou para o facto da maioria dos atletas não preparar a “transição para a vida civil” no final da carreira.