Também por isso é uma boa altura para apelar a todos aqueles que gostam de futebol que se deixem contagiar por esse espírito, colocando de lado quezílias e minudências que tantas vezes alimentam desnecessariamente.
A magia desta quadra permite aceitar que é possível estar no futebol sem destratar, insultar ou humilhar quem quer que seja. É possível aplaudir ou assobiar, elogiar ou criticar, sorrir ou chorar, sem ferir ou magoar terceiros.
Esta indústria, pela força, poderio e impacto que tem, deve ser cada vez mais um espaço de elevação e respeito. Deve ser o exemplo que a sociedade deve seguir, não o seu reflexo mais sombrio e menor.
As emoções pontuais, as reações a quente, os impulsos momentâneos, os excessos no imediato são compreensíveis, mas só até certo ponto. Devem ser como um balão que enche rapidamente mas esvazia pouco depois, sem se arrastar no tempo, sem atingir os outros, sem rebentar nas mãos de quem quer que seja.
A época natalícia deve lembrar-nos que gentileza, compaixão e empatia são possíveis não só no dia a dia, mas também no seio do jogo.
Essa elegância deve ser estendida também a todos aqueles que, tendo voz ativa na opinião pública, tantas vezes preferem a piromania à pacificação. Não faz sentido, não prestigia ninguém e não defende a essência do desporto. Pior. Não os defende, não os protege, não os credibiliza.
Reflexão precisa-se.
Que este Natal seja catalisador para a construção de comportamentos de exceção, baseados na tolerância e desportivismo.
Comecemos por ambicionar isso em dezembro, fazendo figas para que se possa depois estender-se pelos restantes meses do ano.
Afinal de contas, o Natal é quando o homem quiser, certo? Boas Festas.