Duarte Gomes

Comentador SIC Notícias

Desporto

Qualquer jogador que simule lesão, infração ou agressão é um batoteiro

Parece-me que está na hora de falarmos abertamente sobre esse fenómeno crescente, que é o das simulações praticadas por alguns jogadores de futebol.

Qualquer jogador que simule lesão, infração ou agressão é um batoteiro
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Nas últimas épocas - e nesta tem sido absolutamente vergonhoso - temos assistido a um aumento vertiginoso da tendência, provavelmente motivada pela urgência em vencer, pela pressão exercida sobre quem joga ou simplesmente pelo aumento de competitividade entre clubes rivais.

Independentemente das motivações, ninguém negará que há jogadores com maior propensão para a "queda fácil". Jogadores a quem se calhar nunca ninguém chamou à razão, fazendo-lhes ver que a palhaçada que tantas vezes protagonizam em campo é vista repetidamente por milhões de adeptos, muitos deles jovens que os têm como ídolos.

A questão aqui parece-me muito clara:

- A luta pela vitória - ambição justíssima e objetivo máximo do jogo - não pode nunca ser maior do que a manutenção dos valores essenciais do desporto. Mais: não pode nunca ser feita à custa de expedientes francamente antidesportivos.

E é precisamente disso que estamos a falar aqui: todo e qualquer jogador que simule lesão, infração ou agressão é, na verdade... um batoteiro.

É alguém que, naquele momento e naquela ação, fez uma escolha: a de tentar enganar o árbitro, os colegas de equipa, os treinadores, os adeptos e os adversários, só para recolher benefício desportivo pontual.

A pergunta é... porquê?

Será que quem tem esse perfil (há vários atletas bem identificados nessa prática) já viu esses números de circo na televisão?

Será que os seus pais, filhos ou amigos já lhes perguntaram: "Porque te agarraste à cara, se ninguém te tocou?" ou "Porque deste tantas cambalhotas no relvado, se caíste sozinho"?

Se sim, que terão respondido? Que o futebol é mesmo assim? Que faz parte do jogo? Bem... não faz.

Enganar árbitros para tentar vencer jogos, simular penáltis para marcar golos ou inventar lesões para prejudicar colegas de profissão é "só" a antítese do que deve ser um profissional de mão cheia.

Felizmente a maioria sabe disso e tem atitude desportiva elogiável, sem perder a entrega ao jogo e o compromisso com a vitória.

Quanto a soluções, bem... muito simples:

1. Continuar a sensibilizar os mergulhadores de ocasião para a vergonha que isso causa aos próprios e às suas equipas. Futebol não é natação, jogar não é representar.

2. Esperar que as leis de jogo sejam alteradas rapidamente, para que toda e qualquer "simulação grosseira" (daquelas que dão vergonha alheia) sejam punidas com cartão vermelho direto.

Nem amarelo, nem azul. Vermelho!

Para grandes males, grandes remédios e se a consciência da patetice não funciona, que seja a democracia musculada a falar.

Geralmente é eficaz.