Numa coisa todos os números estão de acordo: no último ano, a tendência do desemprego em Portugal tem sido para subir.
A taxa divulgada pelo INE é a taxa 'oficial': significa que, entre abril e junho deste ano, 15 % da população ativa estava desempregada, o equivalente a 827 mil pessoas.
Esta taxa é calculada através de um inquérito por amostragem. Para o INE, a definição de desempregado, segundo padrões internacionais, é uma pessoa entre 15 e 74 anos que não tinha emprego, mas estava disponível e fez esforços ativos para trabalhar.
O INE divulga trimestralmente os seus dados. No entanto, todos os meses, o gabinete estatístico da Comissão Europeia anuncia uma taxa de desemprego harmonizada para os 27.
Já segundo o Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal em junho atingiu os 15,4 %. Não há necessariamente discrepância entre os números do INE e os do Eurostat; uns são trimestrais, os outros são mensais.
Note-se contudo que o Eurostat não produz estatísticas. As suas taxas são calculadas com base nos números produzidos pelo INE e pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP). A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) também divulga dados sobre o desemprego para os seus 30 membros; no caso de Portugal, a OCDE reproduz os números do Eurostat.
Para lá das taxas, há o 'desemprego registado': o número de inscritos nos centros de emprego do IEFP. No final de junho, havia 645.995 desempregados inscritos em centros de emprego.
Alguns economistas juntam o número dos trabalhadores em situação de subemprego ou de inativos ao número "oficial" de desempregados, para calcular uma taxa de desemprego "real".
Nas estatísticas hoje divulgadas, o INE introduziu três novos indicadores: o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis, e os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego.
O subemprego de trabalhadores a tempo parcial, que abrangia 266 mil pessoas no segundo trimestre, refere-se a pessoas com trabalho em 'part time' dispostas a trabalhar mais horas.
Os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis eram 38 mil no segundo trimestre; são pessoas que embora tenham procurado ativamente emprego não estavam disponíveis para trabalhar de imediato (por estarem, por exemplo, à espera dos resultados de uma entrevista de emprego ou por já terem aceite um emprego que só começará numa data posterior).
Os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego eram 217 mil no segundo trimestre; trata-se neste caso de indivíduos que estavam prontos para trabalhar, mas, por uma série de razões, não procuraram ativamente emprego.
Apesar de todas as taxas, é a taxa 'oficial' do INE que as instituições internacionais usam para permitir comparações e para fazer previsões.
A "troika", na mais recente revisão do memorando de entendimento com o Governo português, apresentou uma previsão de 15,5 % para a taxa desemprego em Portugal no total de 2012.
É também esse o valor previsto para este ano pelo Governo, que prevê que a taxa se agrave para 16 % em 2013.
Com Lusa