Economia

CGTP convoca nova concentração para 31 de outubro frente à AR

O secretário-geral da CGTP-IN exigiu hoje o  fim das Parcerias Público-Privadas (PPP), dos benefícios fiscais "injustificados"  e dos descontos atribuídos em sede de IRC ao setor financeiro, defendendo  também que o Banco Central Europeu financie diretamente os estados. 

No discurso de encerramento da marcha contra o desemprego promovida  pela central sindical, em frente à Assembleia da República, Arménio Carlos  apontou como uma das "saídas para a resolução dos problemas do país" o fim  das PPP e "a renegociação dos contratos daquelas que existem". 

"São inaceitáveis esses contratos, em que os prejuízos vão todos para  o Estado e os lucros para o privado", disse o sindicalista aos manifestantes,  que encheram por completo o espaço fronteiro à escadaria da Assembleia da  República. 

Arménio Carlos considerou que "são obscenos os lucros garantidos", que  "variam entre os 5% e os 17%", pelo que a CGTP-IN propõe a renegociação  dos contratos de forma a reduzir estas margens. 

No entender do dirigente, a redução dos lucros "representaria um valor  superior a 500 milhões de euros". 

Num discurso inflamado, o secretário-geral da CGTP-IN apontou ainda  como solução que "se ponha termo aos benefícios fiscais injustificados,  que conduzem à chamada 'despesa fiscal' do IRC". 

Arménio Carlos recordou que, em 2010, "foi através deste e outros expedientes  que ficaram por cobrar nove mil milhões de euros de Imposto sobre o Rendimento  Coletivo (IRC), segundo os últimos dados disponíveis da Autoridade Tributária".

A CGPT-IN exigiu ainda que o setor financeiro "deixe de beneficiar de  descontos em sede de IRC", preconizando que se criem "medidas que impeçam  a 'contabilidade criativa' da banca". 

"A situação que se verifica faz com que a taxa de IRC efetiva paga pelos  bancos, segundo dados do Banco de Portugal, seja de apenas 15,4%", sublinhou  Arménio Carlos, acrescentando que a aplicação da taxa de 25% permitirá ao  Estado reduzir a despesa fiscal e obter uma poupança de 689 milhões em 2013.

Perante alguns milhares de manifestantes, Arménio Carlos exigiu ainda  que o Governo português, "em conjunto com outros", desenvolva ações que  conduzam à revisão do regulamento do Banco Central Europeu (BCE). 

O objetivo é o de que o BCE "passe a financiar diretamente os Estados  a 0,75%, tal como faz hoje ao setor financeiro". 

O secretário-geral da CGTP-IN começou a discursar perto das 18:30, com  mais de uma hora de atraso em relação ao previsto. 

A marcha da CGTP-IN contra o desemprego iniciou-se a 5 de outubro em  várias cidades do país. 

Uma parte dos manifestantes partiu de Braga, passando por Matosinhos,  Porto, Gaia, Feira, Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz, Leiria, Marinha Grande,  Tomar, Entroncamento e Vila Franca de Xira. 

Outra parte da marcha partiu de Vila Real de Santos António, dirigindo-se  por Castro Verde, Aljustrel, Moura, Serpa, Beja, Vidigueira, Montemor-o-Novo,  Alcácer do Sal, Grândola, Setúbal, Moita, Barreiro, Seixal e Almada. 

A CGTP-IN convocou já uma greve geral para 14 de novembro e agendou  uma ação de rua para dia 31 de outubro, coincidindo com a votação na generalidade  da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2013. 

Com Lusa