Economia

ACAP diz que agravamento do imposto automóvel é "discriminação" do setor

O secretário-geral da Associação Automóvel  de Portugal acusou hoje o Governo de estar a discriminar o setor com o aumento  do Imposto Único de Circulação (IUC) e alertou para o "efeito perverso"  da medida. 

(Reuters/ Arquivo)
© Luke MacGregor / Reuters

"Mais uma vez o setor automóvel é o setor penalizado em termos de agravamento  da carga fiscal. É o setor em que as vendas caíram 50% em três anos e que  tem mais uma vez a carga fiscal aumentada, o que é uma perfeita discriminação  de um dos setores mais importantes da economia", afirmou à Lusa Helder Pedro.

No relatório que acompanha a proposta do Orçamento do Estado para 2014  (OE2014), o executivo propõe o agravamento do  Imposto Único de Circulação  para os automóveis ligeiros de passageiros e motociclos a gasóleo em 2014,  através de uma taxa adicional que varia entre os 1,39 euros e os 68,85 euros.

No documento, o Governo afirma que o objetivo desta medida é "reequilibrar  a sua situação tributária com as viaturas equivalentes a gasolina, atendendo  simultaneamente ao facto de estas viaturas (a gasóleo) serem, em regra,  mais poluentes e mais prejudiciais ao ambiente". 

Para o secretário-geral da ACAP - Associação Automóvel de Portugal,  este agravamento levará, sim, a uma "diminuição do volume de negócio e diminuição  do volume de receitas para o estado". 

"É portanto uma medida que tem um efeito perverso para o Estado", assinalou,  lembrando que em todos os orçamentos "antes da troika e depois da troika"  há uma "tendência  (para) agravar mais os impostos do automóvel". 

Para Helder Pedro, "é fácil talvez tributar os automóveis, em relação  a outros bens, mas mais uma vez o governo vai por esse lado, o que é um  despropósito, porque as receitas do automóvel caíram para metade em 2012,  ou seja, isto vai levar a perda de receita". 

A proposta de lei do Orçamento do Estado entregue hoje no Parlamento  pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, prevê ainda que seja  "aplicada uma redução remuneratória progressiva entre 2,5% e 12%, com caráter  transitório, às remunerações mensais superiores a 600 euros de todos os  trabalhadores das Administrações Públicas e do Setor Empresarial do Estado,  sem qualquer exceção, bem como dos titulares de cargos políticos e outros  altos cargos públicos". 

O subsídio de Natal dos funcionários públicos e dos aposentados, reformados  e pensionistas vai ser pago em duodécimos no próximo ano, segundo a proposta,  que mantém a aplicação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES)  sobre as pensões. 

No documento, o Governo refere que o défice orçamental deste ano vai  resvalar para os 5,9% do PIB, superando os 5,5% definidos para 2013 entre  o Governo e a 'troika' e confirma as previsões macroeconómicas, apontando  para um crescimento económico de 0,8% e uma taxa de desemprego de 17,7%  em 2014. 

Lusa