Há um novo impasse no pagamento dos salários em atraso na Groundforce: as negociações entre o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e o acionista maioritário, Alfredo Casimiro, recuaram.
Na manhã desta quinta-feira, estava praticamente fechado o acordo, mas, ao que a SIC apurou, as negociações recuaram durante a tarde.
Alfredo Casimiro admite entregar ações da Groundforce à TAP, mas rejeita perder o controlo da companhia caso não consiga pagar o empréstimo no futuro. Isto é, entrega as ações, mas sem os respetivos direitos de voto e sem abdicar do cargo de presidentes.
Esta condição surpreendeu o ministro das Infrastruturas que, segundo fonte do Governo, não a pode aceitar.
Alfredo Casimiro considera proposta “insultuosa”
O acionista maioritário da Groundforce emitiu um comunicado onde responde ao recuo na negociação com a TAP.
“A resposta que recebi do Senhor Ministro das Infraestruturas e da Habituação, Pedro Nuno Santos, à proposta que fiz para viabilizar a Groundforce é insultuosa, uma chantagem e um ultimato inaceitável”, afirma.
O administrador afirma que a Groundforce é “uma empresa bem gerida que nunca lhe deu dores de cabeça” – ao contrário da TAP – e que os “adiantamentos” que são necessários “são uma gota de água quando comparados com as centenas de milhões de euros que o Estado injetou e injetará, a fundo perdido na TAP” ou com o valor pago a David Neeleman para abandonar a administração da companhia aérea.
Alfredo Casimiro responsabiliza Pedro Nuno Santos por “não conseguirmos desbloquear esta situação e pagar rapidamente” os salários em falta dos 2.400 trabalhadores.
“O Senhor Ministro propõe que eu possa perder as minhas ações na Groundforce se o Estado se atrasar na concessão do aval. Isto é inadmissível: quem tem a caneta é ele e quem decide senta-se com ele no Conselho de Ministros. Não sou eu, porque se fosse não estávamos à espera há sete meses”, explica deixando um apelo ao Presidente da República e ao primeiro-ministro para que “impeçam este ataque à dignidade dos trabalhadores da Groundforce e aos empresários”.
Em causa estão 0,2% das ações da companhia que fazem com que Alfredo Casimiro fique sem a maioria da empresa em situações de voto. 50,1% das ações da Groundforce são do administrador, enquanto 49,9% são divididas entre a TAP e a Portugália. O administrador considera que a proposta apresentada por Pedro Nuno Santos apenas o responsabiliza a ele "pela concessão do empréstimo, pelo valor e pelas datas de decisão do Governo, não incluindo o penhor das participações da TAP SGPS e da Portugália".
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