O Governo não publicou o anexo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com os detalhes de todos os compromissos assumidos por Portugal para receber os milhões da bazuca europeia. A notícia foi avançada pelo Expresso e levou o gabinete do primeiro-ministro a emitir um comunicado onde garante que todas as reformas do PRR são públicas e não há qualquer negociação com a Comissão Europeia que não seja conhecida.
António Costa foi, esta sexta-feira, a Coimbra pedir aos municípios que se preparem já para concorrer aos fundos do PRR. O primeiro-ministro disse que as autarquias serão essenciais para o bom aproveitamento do dinheiro que virá da Europa.
Não falou das reformas que a Comissão Europeia tinha exigido em contrapartida para os milhões, a fundo perdido, que vão entrar na economia portuguesa. O Expresso conta que, no documento de candidatura à bazuca europeia, o Governo assumiu 1.654 metas e indicadores para executar até 2026.
O semanário explica que de todos os compromissos assumidos no plano enviado à Comissão Europeia, o Governo só divulgou 300 na versão que está publicada. E que no início só indicou 37. Um lapso assumido pelo Governo que terá feito a correção publicando um quinto do total dos compromissos.
Segundo o Expresso, o Governo esconde reformas negociadas com a Comissão Europeia e pretende publicar a versão integral do documento depois da aprovação final em Bruxelas, com quem ainda estará a negociar.
O Governo assume que esta é uma versão editada do plano, mas reage, com veemência, num comunicado onde desmente o semanário Expresso. O gabinete do primeiro-ministro diz que a informação sobre todas as reformas incluídas no PRR consta do documento divulgado e que não é verdade que exista qualquer reforma em negociação com a Comissão Europeia que não seja pública.
Numa nota da direção, o Expresso responde que o Governo está a lançar uma nuvem de fumo e que esconde os compromissos e reformas assumidos por Portugal num anexo enviado para Bruxelas que decidiu manter em segredo.
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