Economia

João Leão admite que Portugal cresça acima da expectativa de 5,5% do Governo

O ministro das Finanças admite que Portugal poderá crescer, no próximo ano, mais do que os 5,5% previstos, e está também otimista quanto a uma revisão em baixa do desemprego já este ano.

João Leão admite que Portugal cresça acima da expectativa de 5,5% do Governo
TIAGO MIRANDA

O ministro das Finanças fala em "expectativas positivas para 2022" e aponta para um "crescimento (que) pode ficar acima do que o Governo prevê", ou seja, dos 5,5% inseridos no Orçamento do Estado que foi chumbado e cujo chumbo levou a eleições a 30 de janeiro.

A menos de dois meses da ida às urnas, João Leão, carrega no otimismo. Numa altura em que vários países europeus estão a apertar as medidas restritivas - mais fortes do que as já anunciadas pelo Governo Português - o ministro afasta que Portugal deva ir tão longe como, por exemplo, os Países Baixos que introduziram um novo confinamento.

"Em Portugal não vemos a necessidade de tomar essas medidas", disse à entrada para a entrada para mais uma reunião de Ministros das Finanças, em Bruxelas. "A recuperação tem sido tão forte nos últimos meses que nós entendemos que há margem para crescer tanto ou mais do que o Governo previu".

Leão apoia-se ainda nos 5,8% antecipados pela OCDE na semana passada e nos "indicadores de forte recuperação ainda mais do que (os de) há dois meses" quando foi apresentado o Orçamento do Estado" que, segundo o ministro "permitem antever um crescimento igual ou acima dos 5,5%.

Ainda assim, deixa uma ressalva, caso venha a estar enganado, e justifica com o "contexto de incerteza", ligado à pandemia e ao aumento do número de casos em Portugal e na UE: "Temos de ter a humildade de perceber que a pandemia pode surpreender-nos e levar a impactos mais significativos na Europa, que acabem por afetar Portugal" .

Já para este ano, Leão mantém o crescimento previsto de 4,8%, mas antevê uma revisão em baixa do desemprego que "está a baixar mais rapidamente" do que o antecipado. "Este ano vai ficar abaixo do previsto pelo Governo, 6,8%".

Os ministros das Finanças estão reunidos esta segunda e terça em Bruxelas. Esta tarde encontra-se os 19 da Moeda Única (Eurogrupo) e amanhã os 27 na habitual reunião do ECOFIN.

Na agenda do Eurogrupo está a última missão de monitorização pós-programa a Portugal, cuja avaliação a Comissão considerou positiva. Os ministros vão também olhar para as avaliações que o executivo comunitário fez dos Orçamentos nacionais, com exceção do Português, por ter sido chumbado pelo Parlamento.

A Comissão tinha enviado uma carta ao ministro português em novembro a pedir mais explicações sobre a execução em duodécimos e garantias de que a execução do Plano de Recuperação não seria afetada. Leão diz que já respondeu a dar essas garantias e mantém o primeiro pedido de reembolso da Bazuca - depois do pré-financiamento recebido no verão - para o início do próximo ano, sendo que o dinheiro deverá chegar aos cofres nacionais "em poucos meses", apontando apenas para o primeiro trimestre de 2022.

Espanha, que tinha visto o PRR aprovado pela Comissão no mesmo dia que Portugal, não só já apresentou o novo pedido de pagamento, como já tem um "ok" preliminar de Bruxelas e pressiona para receber as verbas ainda este ano. Leão rejeita que Portugal esteja a ficar para trás e diz que o "importante é cumprir as metas" e que "não é relevante se é mais um mês ou menos um mês".

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