Economia

Da restauração à cultura temem-se os efeitos das novas restrições

Os representantes destes setores, os mais afetados pelo aperto das regras, contestam as medidas e alertam que a crise vai agravar-se. 

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Apesar de compreenderem que é necessário controlar o aumento das infeções, os representantes da restauração, estabelecimentos comerciais e cultura questionam o modo como o Governo decidiu fazê-lo, e temem que a situação se agrava ainda mais. Uma das medidas mais contestada é a obrigatoriedade de um teste negativo.

"Sabemos as horas de espera, quer nos centros de testagem, quer nas farmácias para poderem ter um teste. É difícil as pessoas sujeitarem-se a muitas horas de espera para poderem ir a um restaurante ou a um hotel, portanto muitas delas não irão", antecipa Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da hotelaria, restauração e similares de Portugal (AHRESP).

No mesmo sentido, Cristina Siza, da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), lembra que "já tínhamos sentido uma quebra nas reservas que, obviamente, se vai acentuar".

Mais apoios e mais eficazes é o que pedem. "Haverá esta tendência e iremos assistir a uma situação ainda mais grave. Admitindo que não há outra forma de conter a pandemia, o Governo tem de encontrar uma forma para compensar esta atividade", destaca Daniel Serra, da Provar.

"Houve investimentos atrás de investimentos. As discotecas programaram as festas a partir de dezembro, e tudo agora fica em armazém", diz José Gouveia, da Associação Nacional de Discotecas.

Na Cultura, as mesmas críticas. "Temos que ser transversais a tudo porque o vírus não escolhe a tipologia de eventos. sendo obrigatório o teste para ir a espetáculos, o que se espera das autoridades é que a oferta de testagem acompanhe a procura porque senão é o mesmo que mandar fechar", alerta Álvaro Covões, da promotora Everything is New.

Pelos estabelecimentos comerciais, a contestação surge em relação às limitações na lotação. "A experiência no passado diz-nos que ao invés de estarmos a evitar aglomerações (...) estamos a criar aglomerações e afunilamentos. A criar filas que, naturalmente, não podem ser vigiadas e controladas", considera Rodrigo Moita de Deus, da Associação Portuguesa dos Centros Comerciais (APCC).

As novas medidas de combate à pandemia

Devido ao impacto da nova variante, o Governo decidiu antecipar a semana de contenção e as regras previstas. Assim sendo, a partir das 00:00 do dia 25, o teletrabalho passa a ser obrigatório, as creches e ATL encerram, bem como discotecas e bares, e regressam as limitações à lotação nos estabelecimentos comerciais (uma pessoa / 5 m2).

O Executivo decidiu também aumentar de quatro para seis o número de testes gratuitos por pessoa, até porque serão obrigatórios no acesso a estabelecimentos turísticos e alojamento local, casamentos e batizados, eventos empresariais, espetáculos culturais, e recintos desportivos (salvo decisão da DGS).

Mas há mais. No Natal (24 e 25 dez) e no Ano Novo (30, 31 dez e 1 jan), o teste negativo é obrigatório para acesso a restaurantes, casinos e festas de passagem de ano, e na passagem de ano regressa a proibição de ajuntamentos na via pública de mais de 10 pessoas, assim como a proibição de consumo de bebidas alcoólicas na via pública.

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