O primeiro-ministro não gostou das declarações do presidente da Endesa sobre a subida dos preços da eletricidade e já reagiu. A partir de agora, todos os pagamentos do Estado à elétrica têm de ser primeiro validados pelo secretário de Estado da Energia.
No despacho, divulgado esta terça-feira, o primeiro-ministro diz que a Endesa ameaçou com práticas especulativas nos preços e, como o Estado tem o dever de proteger o interesse dos contribuintes, decidiu que, a partir de agora, as entidades públicas só podem fazer pagamentos à Endesa depois das faturas serem validadas pelo secretário de Estado da Energia.
Só este ano, os serviços do Estado assinaram cerca de 70 contratos com a empresa espanhola, num valor que fica próximo dos 100 milhões de euros e que envolve autarquias, empresas públicas, hospitais, escolas e universidades.
António Costa pede até aos serviços públicos que comecem já a consultar o mercado e a procurar novos fornecedores, para o caso de terem de mudar de prestador.
A decisão do primeiro-ministro surge depois das declarações do presidente da Endesa, que antecipou uma subida de 40% no preço da eletricidade.
Nuno Ribeiro da Silva disse que a fatura ia aumentar não porque as elétricas subissem os preços, mas sim por causa do mecanismo ibérico, que fixa um teto máximo aos preços do gás.
O Governo negou e agora responde de forma mais dura. A direita diz que o despacho assinado por Costa é uma ameaça à empresa. Já a esquerda considera que o Governo devia ter ido mais longe, aplicando a medida a mais empresas.
O executivo de António Costa garante que os consumidores com tarifa regulada estão protegidos e diz que o custo é sobretudo para empresas industriais.