A conta da luz deverá subir nos próximos tempos. A “culpa” é do preço do gás natural, usado para produzir eletricidade, que está em valores recorde. Por isso, Portugal e Espanha decidiram intervir no mercado e colocar um "travão" aos preços.

Porque está a aumentar o preço da luz?
Quando a água das barragens não chega e o vento e o sol, por exemplo, não produzem o suficiente para abastecer todos os consumidores, é preciso usar outras fontes para produzir energia.
Sem centrais nucleares, nem a carvão, Portugal recorre sobretudo ao gás natural para produzir eletricidade em centrais termoelétricas.
Com o preço do gás a atingir máximos históricos, Portugal e Espanha, que têm um sistema elétrico único, decidiram intervir diretamente no mercado e fixar um preço máximo para o gás natural usado para produzir energia.
Como funciona o "travão ibérico"?
Vamos imaginar que o gás natural está a 140 euros por MWh. Por causa do mecanismo, a companhia de eletricidade só pode refletir no máximo 40 euros na tarifa que vai cobrar aos consumidores.
A diferença entre o valor real (os 140 euros) e os 40 euros fixados pelo mecanismo vai ser distribuída por todos os clientes que saíram beneficiados, em Portugal e Espanha.
Por cá são quase todos clientes industriais, contratos expostos ao chamado "mercado spot", que ao contrário da esmagadora maioria das nossas contas da luz, têm um preço variável que depende dos valores de mercado.
Os números revelados pelo Governo mostram que, sem o mecanismo, estes consumidores pagariam mais.
Um exemplo real
A 30 de junho, por exemplo, Portugal e Espanha estavam a poupar quase 70 euros por MWh. Pagavam 202 euros com o mecanismo, valor que compara com os 362 euros por MWh pagos pelos franceses, e 364 pelos italianos.
Para já, o mecanismo não tem impacto nas contas da luz da maioria dos consumidores, mais vai acabar por ter.
Isto porque os novos contratos e os atuais que se renovarem à medida que forem terminando, também vão contar para o mecanismo.
Assim, a diferença entre o custo real do gás natural usado para produzir eletricidade e os 40 euros por MWh de teto máximo definido pelo mecanismo será diluída por mais contratos.
Com a mesma lógica: com o preço da energia a bater recordes, os novos contratos terão tarifas mais altas do que há uns meses. Sem o mecanismo, a conta da luz seria, por princípio, ainda maior.