A Comissão Europeia (CE) acusou, esta sexta-feira, a Rússia de “cinismo” e utilização de “falsos pretextos” para justificar a suspensão total do fluxo de gás através do gasoduto Nord Stream, vital para os fornecimentos à Europa.
"O anúncio da Gazprom esta tarde [sexta-feira] de que encerrará novamente o Nord Stream 1 sob pretextos falsos é mais uma confirmação da sua falta de confiabilidade como fornecedor”, referiu o porta-voz da CE, Eric Mamer, através da rede social Twitter.
“Também é uma evidência do cinismo da Rússia, que prefere queimar gás a cumprir contratos”, acrescentou.
O grupo russo Gazprom anunciou, esta sexta-feira, que o gasoduto Nord Stream vai parar "completamente" para reparação de uma turbina, após ter estado inativo durante três dias para manutenção.
Em comunicado, a Gazprom indicou ter descoberto "fugas de óleo" na turbina durante esta operação de manutenção e indicou que até à sua reparação o fornecimento de gás estará "completamente suspenso".
A Rússia devia retomar no sábado o fornecimento de gás através do gasoduto, após uma interrupção de três dias.
Esta sexta-feira, o Kremlin tinha indicado que o funcionamento do gasoduto está "ameaçado" pela escassez de peças para reposição devido às sanções impostas a Moscovo depois do início da ofensiva russa na Ucrânia.
A Gazprom tem reduzido o gás fornecido via Nord Stream nos últimos meses e em julho já tinha feito trabalhos de manutenção durante 10 dias, tendo depois retomado as entregas com um nível mais limitado.
No contexto de guerra na Ucrânia, a energia tem estado no centro de um braço-de-ferro entre Moscovo e os países ocidentais, que acusam a Rússia de utilizar o gás "como uma arma".
Esta semana, o presidente da Gazprom, Alexei Miller, referiu que a reparação das turbinas Nord Stream numa fábrica especializada era agora impossível devido às sanções ocidentais.
Antes, Moscovo já tinha defendido que, devido às sanções ocidentais, o equipamento técnico do gasoduto não pode ser renovado e as turbinas que foram reparadas não podem ser devolvidas à Rússia sem garantias de que não estão sob o regime das sanções.