O Presidente Marcelo alerta que o caminho que o Banco Central Europeu (BCE) decidiu seguir, de uma "subida em galope das taxas de juro", pode ser a opção errada na atual conjuntura.
“Em tempos tinha dito que esta mudança de 8 para 80 do BCE, a prosseguir de forma indefinida, podia ter consequências complicadas. Portanto, vale a pena pensar, e fazê-lo o mais próximo possível, se é de continuar este galope porque pode ser a maneira não certa, não correta de resolver o problema nem o da inflação nem o do crescimento económico”, afirmou aos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O chefe de Estado, que falava após ter ouvido uma intervenção do ex-vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio sobre esta matéria, manifestou a esperança de que, "daqui a um mês, já tenha chegado aos decisores europeus, nomeadamente ao BCE, esta preocupação".
“O doutor Vítor Constâncio disse mesmo que os bancos centrais deviam ter começado mais cedo a subir os taxas, mas agora deviam travar esta galope porque não resolve a inflação, que se resolverá por si, (…), e pode estar a atingir um ponto em que a subida dos juros começa a matar as economias", disse, citando o ex-vice-presidente do BCE
As questões que se colocam agora, prosseguiu Marcelo, são se “aumentar assim, a este ritmo, os juros não é, para curar o doente, acabar por fazer mal à sua saúde? Apertá-lo, estrafegá-lo, com a ideia de o salvar? Isso não tem custos na vida das pessoas, nomeadamente no crédito à habitação, e na vida em geral? Não é mais negativo do que positivo nas economias? Foi isso que aqui foi levantado hoje. [E] é isso que merece ser pensado no próximo mês, nos próximos meses, antes de chegarmos a 2023”.
O Presidente destacou ainda que “com a experiência que [Vítor Constâncio] teve da crise da Troika deixou muitos a pensar sobre qual é o momento em que esta subida em galope das taxas de juro não tem de ser refletida e ponderado se é o caminho adequado”.