O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa, assegurou que não há impactos diretos em Portugal da crise do Credit Suisse e das falências dos bancos nos Estados Unidos.
Em entrevista à rádio Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Laginha de Sousa disse que "não há motivo para preocupação" com os impactos diretos da falência dos bancos americanos e da crise no banco suíço, advertindo, contudo, para a necessidade de manter a vigilância, porque a confiança tem de ser preservada.
"Temos que ter a noção de que não vivemos num mundo composto de ilhas e, às vezes, depois, há fenómenos de segunda ordem e, sobretudo, em matérias onde aquilo que por vezes está em causa são elementos que são intangíveis -- estamos a falar de confiança. E, desse ponto de vista, as autoridades, seja a nível nacional, seja a nível europeu, têm que atuar, no sentido de contribuir para preservar esse bem", afirmou.
O antigo administrador do Banco de Portugal que, desde novembro, preside ao supervisor do mercado de capitais adiantou que a CMVM está a acompanhar a situação, acrescentando que o assunto deverá ser abordado na reunião regular do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, que decorre na segunda-feira.
"Acho que aquilo que é importante assinalar é que nós acompanhamos essas matérias e, neste momento, naquilo que tem que ver com esses efeitos diretos da exposição direta, não vemos neste momento motivo para qualquer preocupação", vincou o responsável.
Credit Suisse: o carrossel de grandes descidas e pequenas recuperações
Entre segunda e quarta-feira terão saído das contas do banco na Europa e nos Estados Unidos mais de 400 milhões de euros. Este valor representa uma gota de água no volume de transações do Credit Suisse, mas é mais um sinal que as coisas não estão a correr bem.
"É absolutamente natural que (...) os clientes do banco não se sintam particularmente confortáveis, apesar de haver uma grande probabilidade de os depósitos no Credit Suisse não estarem em causa", considera Filipe Garcia, analista de mercados.
Depois do banco Central da Suíça ter avançado com um financiamento de emergência de 51.000 milhões de euros, os mercados acalmaram e as ações do Credit Suisse recuperaram, mas o sol foi de pouca dura. Esta sexta-feira chegaram a cair 13,5%.
O Governo Suíço continua a avaliar possibilidades e uma delas seria uma fusão do Credit Suisse com o maior banco do país, o UBS. A agência Bloomberg avança que os bancos não são propriamente fãs da ideia e que a admitem apenas como último recurso.
Como se tudo isto não bastasse do outro lado do Atlântico chegam más notícias. Um conjunto de investidores norte-americanos vai processar o banco. Acusam o Credit Suisse de ocultar informação relevante e afirmam mesmo que o relatório de contas de 2021 tem dados falsos e enganadores.