Economia

Banco Central Europeu decide se sobe ou mantém as taxas de juro

As opiniões dos governadores dividem-se, numa altura em que a Comissão Europeia reviu em baixa o crescimento económico da zona euro, impulsionada sobretudo pelo abrandamento da atividade na Alemanha.

Banco Central Europeu decide se sobe ou mantém as taxas de juro
Michael Probst/AP

O Banco Central Europeu (BCE) decide esta quinta-feira se sobe ou se mantém inalteradas as taxas de juro de referência, numa reunião em que a evolução e expectativas dos dados económicos ganham particular peso.

O resultado da reunião do Conselho de governadores do BCE não reúne consenso nas previsões dos mercados e analistas. As opiniões dos governadores dividem-se, numa altura em que a Comissão Europeia reviu em baixa o crescimento económico da zona euro, impulsionada sobretudo pelo abrandamento da atividade na Alemanha.

Na última reunião, em julho, (na qual a instituição decidiu subir os juros em 25 pontos base), a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que as taxas poderiam manter-se no mesmo nível ou sofrer um novo agravamento, em função dos dados macroeconómicos.

Há mais de um ano que o BCE vem a subir as taxas de juro para controlar a inflação. É expectável que até ao final do ano volte a subi-las, pelo menos, mais uma vez.

Em Portugal, o Governo aguarda, mas considera que a subida é mais negativa que positiva.

Recentemente, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, alertou que o risco de "fazer demais" na política monetária começa a ser material.


Alemanha está com "crescimento anémico"

O economista João Duque diz que é preciso ter em atenção a evolução da economia alemã.

"Está, neste momento, com um crescimento anémico. Tem de se ter algum cuidado naquilo que é a dose de antibiótico para não matar o coração".

No entanto, o especialista considera que o a decisão mais provável para esta quinta-feira seja o de uma nova subida das taxas de juro.

"Os dados sobre a inflação na Europa que estão a sair não têm estado a sair tão bons quanto nós gostaríamos. A própria Sra. Christine Lagarde veio relembrar que continuam abertas todas as portas para se continuar a usar os instrumentos que se tem usado até agora", refere.

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Comissão Europeia reduziu previsão de crescimento económico

De acordo com os últimos dados do Eurostat, a taxa de inflação na zona euro manteve-se inalterada em agosto face a julho em 5,3%, mas a inflação subjacente (que não tem em conta energia ou alimentos por serem preços mais voláteis) moderou-se para 6,2% (6,6% em julho).

Já a Comissão Europeia reduziu esta segunda-feira a previsão de crescimento económico da zona euro para este ano em três décimas, para 0,8%, sobretudo devido ao abrandamento da atividade na Alemanha, que irá contrair 0,4% em 2023, e prevê alguns meses de abrandamento.

Governo aguarda para avançar com apoios ao crédito à habitação

O primeiro-ministro, António Costa, diz que o Governo aguarda pela decisão do BCE sobre os juros para aprovar, em Conselho de Ministros na próxima semana, medidas de apoio às famílias com créditos à habitação.

"Aguardamos pela decisão do BCE para que o Conselho de Ministros da próxima semana possa proceder a uma revisão da legislação que existe para apoiar as famílias que têm créditos à habitação", afirmou António Costa.

À margem de uma visita a uma nova residência universitária no Porto, o primeiro-ministro disse ainda não concordar com a política monetária seguida pelo BCE.

"Entendo mesmo que a política monetária que tem vindo a ser seguida é errada, mas pronto, é ao Banco Central Europeu que compete definir a política monetária", afirmou.

Em função do que será decidido pelo BCE, o Governo adotará um novo diploma relativamente ao crédito habitação para que as famílias portuguesas "possam ter, sobretudo, previsibilidade ao longo dos próximos anos e estabilidade no que podem prever relativamente ao que é a evolução da sua prestação".