Economia

Habitação: esquerda considera que novas medidas de apoio beneficiam a banca

O Governo aprovou a redução em 30% do peso da taxa Euribor, um desconto que se mantém durante dois anos, mas que será pago mais tarde aos bancos pelas famílias que aderirem.

Mariana Mortágua intervém na conferência de imprensa para análise da situação política.
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O Governo anunciou, esta quinta-feira, um desconto de 30% nos juros durante dois anos, sendo que esse dinheiro será pago durante o resto do empréstimo. O Presidente da República diz que as medidas para baixar a prestação da casa são um paliativo, já a oposição garante que as medidas são insuficientes e só ajudam a banca.

As medidas do Governo são para Marcelo Rebelo de Sousa uma forma de mitigar, pouco, o peso da prestação da casa no orçamento das famílias.

"Apesar de tudo, é uma folgazinha importante para as famílias no imediato, à espera que a situação de fundo melhore", disse o chefe de Estado.

Para já, foi aprovada a redução em 30% do peso da taxa Euribor, um desconto que se mantém durante dois anos, mas que será pago mais tarde aos bancos pelas famílias que aderirem. Para a oposição, este mecanismo trata-se de propaganda sem ambição.

As críticas da direita

Luís Montenegro afirma que a “situação não deverá ser mais favorável do que aquilo que é hoje” e aponta que a taxa de inflação “demora tempo a diminuir”.

Para André Ventura, o Executivo “falha em trazer medidas que já deviam ter sido implementadas e que deviam ter um caráter retroativo”.

Já Luís Rocha ironiza e afirma que se António Costa se um dia escrever um livro, o título será “a arte de rebentar o que restava do mercado de habitação”.

As críticas da esquerda

O Executivo avança também com o alargamento na bonificação dos juros, até 2024, que pode ser pedido por quem tem rendimentos até ao 6.º escalão de IRS e taxa de esforço superior a 35%.

Esta é mais uma medida a juntar ao que os partidos de esquerda chamam de moratória para enriquecer os bancos.

Inês Sousa Real atira que, para além de tardias, as medidas "soam a muito poucochinho" . Mariana Mortágua vai ao encontro desta ideia e refere que esta medida é uma garantia de que os bancos "vão continuar a lucrar".

Bruno Dias também é crítico nesta matéria e aponta que os bancos “continuam a ganhar com os sacrifício do povo”.

Governo “finge estar a lidar com os problemas, mas só os adia”

No primeiro trimestre do ano, a banca registou lucros superiores a 2.000 milhões de euros, só através de juros. Para o CDS, o Governo "finge estar a lidar com os problemas, mas só os adia".

As famílias vão poder continuar a amortizar antecipadamente e sem penalização a dívida aos bancos. O Presidente da República garante que vai apreciar as medidas com a urgência que o tema exige.