O cenário para quem quer arrendar casa ou quer manter-se naquela em que já habita é tudo menos animador. A habitação já consome quase metade dos orçamentos familiares.
“Mais de 40% do rendimento da família é absorvido para a habitação. Neste momento, aquilo que preocupa grandemente as famílias é o facto de a maior parte delas ter contratos a prazo que terminam - e a agonia está precisamente aqui - quando termina o contrato de arrendamento e quando ele não é revisto ou é feita uma negociação para uma nova renda e aí colocam-se as grandes dificuldades às famílias porque elas muitas vezes não têm a capacidade de suportar a negociação de uma nova renda”, diz Natália Nunes da DECO.
“As novas não têm nenhum limite, houve a tentativa no +habitação de limitar os aumentos nos novos contratos, mas naturalmente isso não funcionou e, portanto, nós estamos perante um ciclo de expectativas de mais de 10 anos”, explica António Machado da associação de inquilinos lisbonenses.
O valor das rendas tem crescido a um ritmo que não se compadece com o aumento dos salários e dos bens e serviços. Em 2024, aumentou em média 7%, quando a inflação se situou nos 2,4%.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no norte e em Lisboa, a subida das rendas foi o que mais se destacou. A escassez de casas no mercado carece de medidas urgentes e os inquilinos têm propostas.
“Nós propomos que as rendas até um determinado patamar, por exemplo 5% sobre o valor patrimonial”, diz António Machado
O aumento das rendas em 2024 revelou-se o maior dos últimos 30 anos.