Abusos na Igreja Católica

Papa diz não ser "suficiente" pedir perdão pelos abusos sexuais na Igreja

No âmbito de novas conclusões a respeito das vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja, o Papa veio esclarecer que é necessário pedir desculpa, mas que a instituição não deve ficar por aí.

Papa Francisco
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Numa mensagem de vídeo, o Papa Francisco relembra que não basta pedir desculpa pelos abusos sexuais na Igreja e afirma que a Igreja deve ser um exemplo de resposta concreta às vítimas desses crimes.

No âmbito de novas investigações sobre os crimes de abuso sexual na Igreja em países como Irlanda, França, Estados Unidos, Alemanha, Chile, Austrália e, agora, Portugal, o Papa Francisco tem sido explícito na ação que a instituição deve assumir.

Pedir perdão é necessário, mas não é suficiente. Pedir perdão é bom para as vítimas, porque são elas que devem estar no centro de tudo. A sua dor, os seus danos psicológicos podem começar a cicatrizar-se, encontrarem respostas, ações concretas para reparar os horrores que sofreram e evitar que se repitam.”, explicou.

Para além disso, Francisco sublinha que o encobrimento não ajuda nem a vítima, nem os abusadores, independentemente do sítio onde ocorrem. Neste sentido, a Igreja deve ser um local de denúncia.

“A Igreja não pode tentar esconder a tragédia dos abusos, quaisquer que sejam, nem quando os abusos ocorrem nas famílias, em clubes, ou noutro tipo de instituições. A Igreja deve ser um exemplo para ajudar a resolvê-los tornando-os conhecidos na sociedade e nas famílias, é a igreja que tem de oferecer espaços seguros para ouvir as vítimas”, reforçou o Papa.

O que fará a Igreja portuguesa?

É comum em todo o mundo que a reação inicial às queixas de abusos sexual seja a desvalorização e o encobrimento dos autores dos abusos, por vezes durante muitos anos.

No entanto, as investigações levadas a cabo nos diversos países têm descoberto o pano, como aconteceu em Portugal.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica divulgou no dia 13 de fevereiro um relatório sobre o trabalho que realizou durante um ano, indicando ter recebido 512 testemunhos validados, o que permitiu a extrapolação de, pelo menos, 4.815 vítimas.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, já pediu desculpa às vítimas, mas muitos esperam que a Igreja faça mais.

Já o Bispo Manuel Linda, que antes teria desvalorizado as queixas de abusos sexual, já veio a público afirmar que “perdão não chega, nem resolve”.

Resta saber se a Igreja portuguesa seguirá os conselhos dados pelo Papa Francisco ou se ficará pelo perdão, como muitos outros países.