Abusos na Igreja Católica

Bispo auxiliar de Braga: "Igreja poderá ou deverá ter de retirar o agressor"

Depois das medidas anunciadas pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na passada sexta-feira, D. Nuno Almeida reitera que pedir perdão às vítimas não é suficiente e lembra que existem instruções do Vaticano que preveem o afastamento dos alegados abusadores enquanto decorre a investigação.

D. Nuno Almeida, Bispo auxiliar de Braga
D. Nuno Almeida, Bispo auxiliar de Braga
Arquidiocese de Braga

O bispo auxiliar de Braga defende a aplicação de medidas administrativas contra alegados abusadores, que incluem o afastamento ou a proibição de exercício de Ministério.

Numa nota publicada esta segunda-feira na página da diocese de Braga, D. Nuno Almeida diz que é preciso adotar medidas e recolher todas as denúncias.

O bispo auxiliar cita um documento do Vaticano que refere a possibilidade de afastar o alegado agressor “enquanto decorre a investigação prévia, ou após a sua conclusão”, não podendo a medida cautelar ser encarada como uma pena.

“A Igreja poderá ou deverá ter de retirar o agressor identificado da atividade pastoral", lê-se na nota.

Num texto intitulado “Pedir perdão é necessário, mas não é suficiente”, D. Nuno Almeida considera fundamental que a Igreja dê “todo o apoio e proteção possíveis às vítimas” e que retire “as consequências necessárias”.

"Para além da disponibilidade, por parte das Comissões Diocesanas, para acolher e acompanhar as vítimas, urge disponibilizar pessoas e programas para acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico, bem como de acompanhamento espiritual e de reconciliação para as vítimas que o desejarem. Há que criar uma "bolsa de técnicos" e de acompanhadores espirituais.", afirma.

Defende ainda a aplicação de outras medidas como a abertura de um canal de comunicação entre a Igreja e o Ministério Público ou a Polícia Judiciária, o aperfeiçoamento de uma “Coordenação Nacional” e o estudo de “boas práticas de outros países”.

D. Nuno Almeida diz ainda que a Igreja não deve abandonar o presumível abusador, porque a "redenção é sempre possível".