A lista dos suspeitos de abusos na Igreja Católica só devia incluir os nomes dos padres no ativo e não dos que já morreram. No entanto a lista que foi entregue à Conferência Episcopal visava todos os alegados abusadores.
O juiz Laborinho Lúcio, antigo ministro da Justiça e um dos seis elementos da comissão independente que analisou o fenómeno no último ano, em entrevista ao Observador, explica que a lista foi alterada e passou a incluir todos os nomes para evitar que algumas vítimas ficassem de fora dos apoios ou sem indemnização.
Laborinho Lúcio acrescenta ainda que no dia em que a lista foi entregue à Conferência Episcopal houve o "cuidado de dizer que não era uma lista de alegados abusados no ativo, mas era uma lista de alegados abusadores".
Em entrevista à RTP, o bispo auxiliar de Lisboa afirmou que a Igreja tem a “obrigação” moral de pagar indemnizações às vítimas de abusos sexuais. D. Américo Aguiar disse compreender a desilusão de Marcelo Rebelo de Sousa com a resposta da Igreja, mas sublinha que esta tem tempos diferentes.
“Nós não podemos deixar de acompanhar qualquer pessoa que tenha confiado num agente pastoral, num sacerdote - que deve significar a presença de Cristo vivo - e que tenha significado o diabo, um sofrimento inexplicável", disse o bispo em entrevista à RTP.
D. Américo Aguiar garantiu ainda que, caso um sacerdote “for condenado a pagar uma indemnização a uma vítima e não tiver condições para o fazer”, a Igreja “deve substituir imediatamente e cumprir com aquilo que seja a indemnização”.