Alterações Climáticas

Agricultor peruano processa gigante da energia por degelo nos Andes e resultado pode ser histórico

Saúl Luciano Lliuya baseia-se num estudo da Carbon Majors que mostra a alemã RWE como responsável por 0,5% das alterações climáticas desde o início da industrialização na década de 1850

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Começou a ser julgado na Alemanha o caso do agricultor peruano que processou um gigante da energia por causar o degelo nos Andes. Se vencer, pode abrir um grande precedente para o futuro da justiça climática.

O caso, que começou há uma década, pode resultar numa decisão histórica se o tribunal responsabilizar a empresa pelas emissões e exigir que a RWE ajude a financiar a adaptação climática para as comunidades afetadas.

A ação foi levada à justiça pelo agricultor peruano Saúl Luciano Lliuya. Pede que um dos maiores emissores de gases com efeito de estufa do mundo partilhe os custos da proteção da sua cidade natal, Huaraz, contra um lago glaciar que corre o risco de transbordar devido ao degelo.

Glaciares da cordilheira dos Andes estão a derreter e a colocar milhões de pessoas em risco

Nas montanhas acima de Huaraz, o degelo das geleiras que desaguam no Lago Palcacocha representa uma ameaça para a cidade, que tem uma população de mais de 65 mil pessoas. Um estudo também mostra que há risco de inundação na casa do agricultor peruano nos próximos 30 anos.

O agricultor, que hoje tem 44 anos, baseia-se num estudo da Carbon Majors que mostra a RWE como responsável por 0,5% das alterações climáticas desde o início da industrialização na década de 1850. Pede que a empresa cubra uma parcela proporcional dos custos do aquecimento global que causaram, calculados em cerca de 17 mil euros.

A empresa alemã, que nunca operou no Peru, nega a responsabilidade. Diz que as alterações climáticas são um problema global causado por muitos contribuintes.