As duas mulheres mortas no ataque ao Centro Ismaili trabalhavam para a fundação FOCUS, da rede Aga Khan, que tem como missão ajudar e integrar refugiados na comunidade e tinham em mãos o processo do próprio agressor.
Farana e Mariana eram clientes habituais do café do outro lado da rua do Centro Ismaili. Passavam sempre por aqui antes de atravessarem a rua para mais um dia de trabalho.
Além de lugar de culto e de centro cultural, o Centro é também a sede da FOCUS, uma fundação de assistência humanitária da rede Agha Kan, e era na sala 21 que tratavam dos processos de acolhimento dos refugiados.
Para além disso, davam apoio burocrático e ajudavam na integração na comunidade, facilitando, por exemplo, aulas de português lecionadas ali mesmo no centro, como a que estava a decorrer quando se deu o ataque.
As vítimas e o FOCUS
Farana Sadrudin de 49 anos era sobrinha do líder da comunidade ismaelita em Portugal. Formada em engenharia informática, depois de uma passagem pela área dos seguros em Madrid, chegou a FOCUS em 2021.
Farana era a responsável pela fundação em Portugal e dedicava-se às questões mais logísticas, como arranjar casas aos migrantes e era vista como um exemplo, sempre pronta a ajudar.
Mariana, a mais nova, tinha 24 anos e era licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade NOVA. Terminou o mestrado de Ciências Sociais e Desenvolvimento no ISEG.
Mariana entrou para a fundação em fevereiro do ano passado, onde acompanhava o dia a dia dos refugiados que, mais do que um trabalho, via como uma paixão e um propósito de vida.
Curiosamente, Mariana tinha em mãos o processo de naturalização do agressor Abdul Bashir.