Ataque no Centro Ismaili

Comunidade afegã apela a que “não se generalize o erro de uma pessoa”

Um dia depois do ataque, o líder da comunidade afegã em Portugal salientou que o incidente no Centro Ismaili “não chocou só os portugueses mas também a comunidade” que lidera.

Comunidade afegã apela a que “não se generalize o erro de uma pessoa”
SIC Notícias

Em conferência de imprensa, esta tarde em Lisboa, Omed Taheri, líder da comunidade afegã em Portugal, lamentou o ataque no Centro Ismaili, que esta terça-feira vitimou duas mulheres e feriu gravemente um homem.

Um acontecimento que ”chocou não só os portugueses mas também a comunidade afegã em Portugal", afirmou, endereçando publicamente os “sentimentos às famílias” das vítimas.

Sublinhando que a comunidade afegã saiu dos seus países “em busca de um país mais calmo, mais tranquilo para podermos começar tudo do zero”, Omed Taheri apelou a que “não se generalize o erro de uma pessoa”.

“Estes crimes não são pequenos, são grandes, e não queremos que isto volte a acontecer”, disse o líder da comunidade afegã, garantindo que ele e a sua equipa estão disponíveis “para apoiar a investigação da polícia”.

Duas mulheres foram mortas no Centro Ismaili, em Lisboa, na terça-feira, num ataque com uma arma branca por Abdul Bashir, um afegão que foi detido e que está hospitalizado após ter sido baleado pela polícia.

O ataque - cuja motivação é ainda desconhecida - fez mais um ferido, e foi condenado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.

Abdul Bashir chegou a Portugal há cerca de um ano

A família de Abdul Bashir chegou a Portugal vinda da Grécia no final de 2021 com os três filhos, viviam em Odivelas e recebiam apoio e formação no Centro Ismaili, que ajuda a comunidade de refugiados em Portugal.

As vítimas mortais são duas mulheres, de 24 e 49 anos, que trabalhavam no Centro Ismaili precisamente nos serviços de apoio aos refugiados.

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) afirmou hoje que "não há um único indício" de que o ataque tenha sido um ato terrorista, admitindo ter resultado de "um surto psicótico do agressor".

O agressor não deverá ter alta hospitalar antes de um período de 10 dias e só então haverá condições para ser submetido a interrogatório pelo juiz de instrução, acrescentou ainda o diretor nacional da PJ.

Os três filhos do agressor estão ao cuidado de uma instituição e mantêm as suas rotinas escolares, tendo o seu processo sido remetido ao Ministério Público pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Odivelas.