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"Fazer do ódio uma forma de estar na política é deplorável", diz Ana Catarina Mendes

Sem mencionar nomes de líderes partidários ou de partidos, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares partilha uma publicação nas redes sociais na qual, escreve, se recusa “a deixar a extrema-direita portuguesa a falar sozinha”.

"Fazer do ódio uma forma de estar na política é deplorável", diz Ana Catarina Mendes
ANDRÉ KOSTERS

As declarações do líder do Chega sobre o ataque ao Centro Ismaili, que provocou duas vítimas mortais e um ferido, continuam a dar que falar. A ministra Ana Catarina Mendes recorreu às redes sociais para comentar, sem referir nomes, as afirmações proferidas por André Ventura que, recorde-se, responsabilizou o Governo pelo sucedido, criticando o que designou por “política de portas abertas”.

Na resposta, a governante, que ontem se deslocou ao Centro Ismaili, classifica como “deplorável” fazer “do ódio uma forma de estar na política e na vida”.

“Insistir em misturar tudo, com um discurso racista e nada humanista é instigar sentimentos que não têm lugar no Século XXI”, acrescenta, dizendo recusar-se “a deixar a extrema-direita portuguesa a falar sozinha, apelando a instintos primários, num caso que é por si um ato hediondo, mas que não tem relação com políticas humanitárias de acolhimento de pessoas que perderam tudo”.

Apesar de a hipótese de terrorismo ter sido desde logo afastada, o líder do Chega chamou o ministro da Administração Interna (MAI) ao Parlamento e responsabiliza o primeiro-ministro pelo que aconteceu, acusando o Governo de adotar uma “política de bandalheira” no que diz respeito ao acolhimento de refugiados.

Depois de um tweet alvo de críticas, André Ventura foi mais ponderado na declaração na sede do partido, dizendo que situações como a que aconteceu esta terça-feira exigem prudência nas reações "até perceber que tipo de crime é que está em causa e, sobretudo, tendo em conta que, sendo praticado no contexto em que é, pode indiciar" um "crime com motivações terroristas".

Porém, ao final da tarde de ontem, André Ventura voltou a intensificar o tom das críticas. Dirigindo-se ao primeiro-ministro, disse que “os portugueses não podem ser sujeitos a um tipo de violência que não conseguem controlar nem conter”.

Mas não se ficou por aqui, reiterando que “seja terrorismo ou não, foi esta política de bandalheira de portas abertas de nenhum controlo, que nós avisámos durante anos que trariam problemas ao país e que fomos ignorados, que se traduziu neste resultado”, ou seja, no ataque ao Centro Ismaili.

Já hoje, o líder do Chega recorreu ao Twitter para reforçar as críticas: “Desmantelaram o SEF, abriram as portas a toda a gente, tiraram meios às polícias e aos magistrados, e agora não querem acatar responsabilidades pelo que aconteceu?”.