Eleições Autárquicas

Eleições Autárquicas: o debate de Setúbal

A SIC Notícias tem estado a organizar debates com os candidatos das principais autarquias do país, hoje é a vez de Setúbal. Fernando José (PS), a independente com apoio do PSD, Maria das Dores Meira, André Martins (CDU), António Cachaço (Chega), Daniela Rodrigues (BE) e Flávio Lança (IL) falam frente a frente sobre habitação, imigração, segurança e investigações em curso.

A caminho das eleições autárquicas, os seis candidatos à Câmara Municipal de Setúbal encontraram-se na antena da SIC Notícias para debater as prioridades e os desafios que o município enfrenta. A auditoria aos mandatos da ex-autarca e atual candidata independente, com o apoio do PSD, não passou à margem da discussão.

“Não sou arguida, não tenho conhecimento de processo algum e se houver algum processo espero ansiosamente para ser ouvida”, começou por esclarecer Maria das Dores Meira sobre o que diz ser um “relatório encomendado pelo executivo CDU com o conluio PS” para “fins eleitorais” mas que, promete, “vai seguir para tribunal”.

Sobre esta acusação e o facto de a auditoria terminar em outubro de 2021, o atual autarca e ex-'vice' de Dores Meira respondeu que: "Nunca usei nenhum cartão de crédito, e não utilizo a viatura. Se alguém usou por mim, peço desculpa não tenho responsabilidades nisso”.

André Martins esclareceu, porém, que a auditoria resulta de uma proposta dos vereadores do PS, “aprovada por unanimidade”. A propósito de PS, o socialista Fernando José explicou que foram duas reportagens, uma do jornal Público, outra da SIC, que levantaram “dúvidas” e tornaram públicos “documentos que desconhecíamos e que vieram de dentro da câmara”.

“Face às dúvidas e inércia de ação, (…), em novembro decidimos propor uma auditoria à utilização de cartões de crédito e à utilização de viatura própria que faz mais de dois mil quilómetros todos os meses", questionou o candidato do PS, mas Dores Meira recusou fazer mais comentários sobre o caso.

Auditoria à parte, António Cachaço (Chega) negou ser um plano B do partido, dizendo que já “era o número dois de Lina Lopes”, enquanto Flávio Lança (IL) esclareceu que “jamais” os liberais apoiariam Dores Meira porque querem “trazer frescura a Setúbal”. Já Daniela Rodrigues (BE) diz que a escolha de possíveis acordos está nas mãos dos cidadãos mas lamentou que “o partido que governa o país” se tenha demitido de Setúbal.

Imigração vs (in)segurança

Para a CDU, que lidera há duas décadas o município, não há razões para temer o voto da imigração nas próximas eleições de 12 de outubro porque, garantiu André Martins, será mantida a “tradição de receber bem e de procurar encontrar soluções para os imigrantes”, afastando quaisquer “tensões” e garantindo que a gestão da CDU tem “envolvido estas populações no sentido de garantir a sua integração”.

Opinião diferente manifestou o candidato do Chega. António Cachaço considera que “Setúbal está muito mais insegura”. Afirmação que levou o candidato socialista a pedir a palavra por não permitir que se passe uma “imagem negativa” da cidade.

“Não existe aumento da criminalidade, passar essa imagem num debate é negativo para a nossa cidade”, declarou Fernando José, justificando que outra é a questão sobre a baixa da cidade e “os atos de vandalismo isolados” de que se queixam os comerciantes. Pelo que, disse, a proposta do PS passa pela instalação do sistema de videovigilância.

Uma proposta partilhada pelo candidato da IL que defende “videovigilância localizada, onde faz sentido”, mas também policiamento de proximidade, “ruas iluminadas e requalificação de espaços”.

A candidata do BE recorreu aos dados do RASI, que apontam para “um decréscimo de criminalidade participada”, e fechou a ronda sobre o tema da segurança, dizendo que “inseguro é não ter casa”.

Habitação: o passa-culpas e a lógica da oferta e procura

“Nas últimas décadas houve um grande desinvestimento na construção e requalificação” porque, acusou Dores Meira, “tivemos que pagar a bancarrota que o PS deixou em Setúbal, e era impossível ter que resolver tantos problemas na cidade, pagar a dívida que o PS deixou e ainda construir habitação”.

Se a candidata independente aponta ao passado, o recandidato André Martins responsabilizou as “políticas dos governos do PS e PSD” com investimentos que “não passam por Setúbal e têm arrastado os problemas”. Ainda assim, “aproveitámos 130 milhões do PRR, obra que está a acontecer”. Facto desvalorizado pela bloquista Daniela Rodrigues: “Executar o PRR é tão só obrigação da autarquia”.

“Sem deixar de responsabilizar o Estado central, a autarquia dispõe de um conjunto de competências” para ajudar, por exemplo, a travar o valor do metro quadrado que, disse, “duplicou nos últimos anos”. Como? “Alargando o parque de habitação pública, fazendo um levantamento exaustivo dos edifícios devolutos, e reavivando o espírito das cooperativas de habitação”.

Para a IL, o problema resolve-se tendo por base a lei da oferta e da procura. É preciso “mais licenciamento”, acordos com cooperativas, construção privada e pública.