O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, desafiou o primeiro-ministro a transformar o suplemento aos pensionistas num aumento permanente para as pensões mais baixas, adiantando que custaria tanto como a redução de um ponto do IRC.
"O primeiro-ministro veio dizer, com ar cândido, que se tudo correr bem, agora vamos dar um complemento extraordinário para os idosos, que se dá agora e que se tira depois, como se sabe. Mas para que as pessoas não fiquem a pensar nisto, porque vão ter que votar nas eleições autárquicas, disse: (...) se no próximo ano as coisas correrem bem, nós poderemos de facto dar mais um complemento extraordinário para as pensões", afirmou José Luís Carneiro num almoço da candidatura de Adriano Menino à Câmara de Torre de Moncorvo, Bragança.
Segundo o líder do PS, se Luís Montenegro "está preocupado com os pensionistas que têm pensões mais baixas tem uma boa solução".
"É transformar esse complemento numa remuneração permanente daqueles que têm as pensões mais baixas e resolverá o problema dos pensionistas", desafiou.
Carneiro diz que aumentar pensões custa o mesmo que descer IRC
Carneiro apresentou as contas para esta medida e disse que esse aumento permanente para pensões até 522 euros custaria 400 milhões de euros, o mesmo que representa a descida de cada ponto percentual de IRC.
"Aqui está a solução da receita se quiser garantir melhores pensões para as pensões mais baixas dos portugueses que vivem com tantas dificuldades no nosso país", disse.
O secretário-geral socialista enfatizou que o PS é a favor redução do IRC, "mas não para todos e em iguais circunstâncias".
"Nós somos a favor da redução do IRC para as empresas que investem na inovação tecnológica, que investem na recapitalização, que investem na melhoria dos salários e também que investem no interior", reiterou.
Carneiro falou diretamente para os municípios do interior, tal como é Torre de Moncorvo onde se encontrava, e insistiu numa proposta que já tinha apresentado sobre o IRC.
"Quando tivermos responsabilidades políticas governativas no país de novo, voltaremos a adotar um regime de IRC mais baixo para as empresas que se localizem no interior. Significa um IRC de 12,5% para todas as empresas que se localizem no interior e convém que saibam que não é nada de novo porque no passado, quando o António Guterres era primeiro-ministro e Pina Moura era ministro da Economia, tivemos um IRC de 12,5% para todas as empresas que se localizavam no interior", disse.
A promessa de Montenegro
O primeiro-ministro prometeu no sábado que no próximo Orçamento do Estado haverá novo aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI) e, caso exista folga, voltar a dar "a meio do ano" um suplemento às pensões mais baixas.
"Quando chegámos ao Governo eram 550 euros, grosso modo, aumentámos primeiro para 600, depois para 630, e até ao dia 10 de outubro, o país ficará a saber quanto é que propomos aumentar para o próximo ano", disse, referindo-se à data de entrega do Orçamento do Estado para 2026, que coincide com o último dia da campanha autárquica.
Por outro lado, comprometeu-se com um novo suplemento para as pensões mais baixas "se, a meio do ano a execução orçamental, revelar equilíbrio e folga suficiente".