Cimeira do Clima

Opinião

Análise COP26: nem Obama consegue estar otimista

A esperança até pode ser "a última a morrer". Mas quando o líder que mais esperança incutiu em milhões e milhões de americanos e de cidadãos de todo o mundo neste século, Barack Obama, se mostra assim tão preocupado, então é porque temos todos razões para ouvir o grito de alerta.

Análise COP26: nem Obama consegue estar otimista
ROBERT PERRY

1. OBAMA IMPLORA: "AJAM JÁ!"

Barack Obama era o Presidente dos EUA quando, em Paris, se assinou o Acordo de 2015. Na COP26, seis anos depois, e com a América de regresso após o intervalo "trumpista", o 44.º Presidente americano foi direto e claro, dirigindo-se aos atuais líderes mundiais: "Apressem-se e avancem agora".

Para Obama, o colapso do clima é um risco real. A China e a Rússia, acusa Barack, são dois dos países que não estão a conseguir reduzir as emissões – e isso torna especialmente censuráveis as ausências de Xi e Putin. Obama admite que "houve alguns avanços" em Glasgow, na área do metano e da desflorestação, mas insiste: "É preciso muito, muito mais".

2. O DESÂNIMO DO TIPO DA ESPERANÇA

Ver Obama, aquele que nos últimos anos mais conseguiu projetar sonho e esperança entre os que atingiram funções políticas ao mais alto nível no palco mundial, a falar com desânimo é especialmente preocupante. Que isso sirva de sinal vermelho para que as opiniões públicas compreendam que estamos mesmo a chegar ao fim da linha. Há que resolver em vez de adiar.

3. "ISTO É UMA MARATONA, NÃO É UM SPRINT"

Foi esta a imagem poderosa do ex-Presidente dos EUA no discurso em Glasgow. Não há espaço para desgastes ou cansaços: o desafio climático é tarefa para várias gerações.

"Há momentos em que me sinto desanimado, há momentos em que o futuro parece um tanto sombrio. Imagens de distopia começam a surgir nos meus sonhos. Não podemos fechar os olhos ou baixar os braços. Precisamos da liderança nesta questão de países como a Rússia, a China, mas também o Brasil, a Indonésia, África do Sul. Nos EUA tivemos durante quatro anos o pior exemplo possível vindo do mais alto posto do poder federal. Isto é uma maratona, não é um sprint".