Coronavírus

Comité Central do Partido Comunista chinês afasta secretário em Hubei

Província de onde é originário o surto do coronavírus e onde nas últimas 24 horas morreram 242 pessoas

Comité Central do Partido Comunista chinês afasta secretário em Hubei
China Daily CDIC

O Comité Central do Partido Comunista Chinês anunciou hoje a substituição do secretário da organização em Hubei, província de onde é originário o surto do coronavírus e onde nas últimas 24 horas morreram 242 pessoas.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, que cita uma decisão do Comité Central, Ying Yong, que foi, até à data, presidente da câmara de Xangai, "capital" financeira do país, substitui Jiang Chaoliang como secretário do Comité Provincial de Hubei.

Jiang Chaoliang ocupava aquele cargo desde 2016.

O Comité Central é composto pelos 376 membros mais poderosos do Partido Comunista, incluindo os 25 do Politburo e os sete do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China.

10 cidades da província de Hubei em quarentena, mortes duplicaram em 24 horas

Mais de dez cidades da província de Hubei, do qual Wuhan, epicentro do Covid-19, é capital, foram colocadas sob quarentena, com entradas e saídas interditas, numa medida que afeta cerca de 50 milhões de pessoas.

Nas últimas 24 horas foram registadas 242 mortes na província chinesa de Hubei, centro da epidemia do novo coronavírus, ultrapassando o anterior recorde de mortes ocorrido em 10 de fevereiro (103 mortes).

Nas últimas 24 horas, até à meia-noite de quarta-feira (hora local), as autoridades de Hubei registaram mais 14.840 novos casos da infeção em Hubei, cuja capital é Wuhan.

No país o número total de mortos é de 1.310 e de infeções é de 15 mil.

Demissões na Comissão de Saúde de Hubei

Na segunda-feira, as autoridades chinesas anunciaram a demissão de dois altos quadros da Comissão de Saúde de Hubei, o diretor, Liu Yingzi, e o secretário do Partido Comunista da China (PCC) naquele organismo, Zhang Jin.

Ambos os cargos foram assumidos pelo vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei.

Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei.

A crise de saúde pública paralisou o país, ditando o encerramento de fábricas, restaurantes e retalhistas. As consequências são imprevisíveis para os empresários e trabalhadores da segunda maior economia do mundo.

O Partido Comunista, que governa o país desde 1949, enfrenta assim umas das priores crises de legitimidade em décadas, mas, até à data, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado.

A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong - que foi substituído pelo atual vice-presidente da China, Wang Qishan - e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.

Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato "infundado e ilegal", levou a reações imediatas nas redes sociais chinesas, com o 'hashtag' #woyaoyanlunziyou ('eu quero liberdade de expressão', em chinês) a tornar-se viral.

No entanto, o Tribunal Supremo do país limitou-se a criticar publicamente a polícia local pelo sucedido.