Coronavírus

OMS compara pandemia de Covid-19 à "gripe espanhola"

Mas podemos “evitar essa catástrofe” de há cem anos, afirmou o diretor-geral.

OMS compara pandemia de Covid-19 à "gripe espanhola"
SALVATORE DI NOLFI / EPA

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, comparou hoje a pandemia de covid-19 à chamada “gripe espanhola” que há um século matou 100 milhões de pessoas mas disse que “desastre” idêntico pode ser evitado.

Falando numa conferência de imprensa na sede da organização, em Genebra, Tedros Adhanom Ghebreyesus referiu-se à epidemia de covid-19 como “o inimigo público número um” que combina a capacidade de contágio de uma gripe com a letalidade das epidemias de MERS e SARS (síndromes respiratórios agudos provocados igualmente por coronavírus).

É uma “combinação muito perigosa” que está a acontecer, como aconteceu há cem anos (1918/19) e que matou 100 milhões de pessoas, mas hoje temos “uma situação diferente”, temos tecnologias e podemos “evitar essa catástrofe” de há cem anos, afirmou.

Tedros Adhanom Ghebreyesus insistiu na perigosidade do vírus, admitiu que o pior ainda possa estar para vir, mas salientou que é preciso acreditar que é possível lutar contra a doença, que requer, insistiu, solidariedade nacional e mundial. Porque sem isso “será pior”.

“Dissemos que o vírus iria surpreender os países mais desenvolvidos, e isso está a acontecer”, acrescentou, em tom dramático.

O responsável insistiu igualmente na necessidade de se olhar para as estatísticas vendo os números mas também as pessoas que eles representam, para que a pandemia de covid-19 não se transforme em quadros com números.

“Pensem nas vítimas de covid-19 como pessoas e não como números”, pediu.

Antes o diretor-geral já tinha alertado que flexibilizar as medidas de contenção não quer dizer que a doença acabou e sublinhou que os confinamentos ajudam a refrear a epidemia, mas não lhe põem fim.

Tedros Adhanom Ghebreyesus referiu ainda que a OMS está a trabalhar com várias entidades para desenvolver testes à covid-19, e que os dados de estudos serológicos em vários países indicam que uma percentagem muito baixa da população está infetada com o novo coronavírus, inclusivamente em áreas fortemente infetadas.

Estudo sugere que até 14% da população tenha anticorpos contra a Covid-19

A epidemiologista Maria Van Kerkhove, responsável técnica máxima na resposta da OMS à Covid-19, também presente na conferência de imprensa online, referiu que também há muitos estudos sobre esta matéria e disse que um deles, em pré-publicação, sugere que até 14% da população tenha anticorpos. Mas disse desconhecer que métodos foram usados para esses estudos.

Mas concluiu concordar que há uma percentagem da população infetada mais baixa do que a OMS estimava, o que por outro lado quer dizer que há grande parte da população mundial que ainda se pode infetar.

Maria Van Kerkhove também disse que há mais de 10 mil sequências de genoma do vírus postas à disposição dos cientistas, o que permite perceber como o vírus se está a modificar, e acrescentou que não há muitas diferenças, “o que é positivo”.

Mais 21 mortes e 657 casos de Covid-19 em Portugal

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta segunda-feira a existência de 735 mortes e 20.863 casos de Covid-19 em Portugal.

O número de óbitos subiu, de ontem para hoje, de 714 para 735, mais 21 - uma subida de 2,9% - , enquanto o número de infetados aumentou de 20.206 para 20.863, mais 657, o que representa um aumento de 3,2%.

O número de casos recuperados mantém-se nos 610 pelo terceiro dia consecutivo.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".

Mais de 165 mil mortos e quase 2,5 milhões de infetados em todo mundo

A pandemia da covid-19 matou pelo menos 165.216 pessoas e há pelo menos 2.403.410 casos de infeção em 193 países desde que surgiu em dezembro na China, segundo um balanço da AFP às 11:00.

Pelo menos 537.700 doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.

Os Estados Unidos, que registaram a primeira morte ligada ao coronavírus no final de fevereiro, lideram em número de mortes e casos, com 40.683 mortos para 759.786 casos.

Pelo menos 70.980 pessoas foram declaradas curadas nos Estados Unidos.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são Itália, com 23.660 mortos em 178.972 casos, Espanha com 20.852 óbitos (200.210 casos), França com 19.718 mortes (152.894 casos) e Reino Unido com 16.060 mortos (120.067 casos).

A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou no final de dezembro, contabilizou 82.747 casos (12 novos entre domingo e hoje), incluindo 4.632 mortes e 77.084 curados.

Até às 11:00 de hoje, a Europa totalizou 104.028 mortes para 1.183.307 casos, Estados Unidos e Canadá 42.212 mortes (793.169 casos), Ásia 7.030 mortes (166.453 casos), no Médio Oriente 5.664 mortes (126.793 casos), América Latina e Caraíbas 5.068 mortes (103.857 casos), África 1.124 mortes (21.957 casos) e Oceânia 90 mortes (7.879 casos).